16:48O macaco sumiu!

Do jornal O Globo

Parte da escultura chinesa ‘Pecado Original’ é roubada na Bienal de Curitiba

Obra de Liu Ruowang trazia macaco deitado sobre livro e foi criticada por deputado religioso

Uma parte da escultura “Original sin” (“Pecado original”), do artista chinês Liu Ruowang, desapareceu da área externa do Museu Oscar Niemeyer (MON), onde estava montada para Bienal de Curitiba, que termina neste domingo (25).

A obra representa um macaco deitado sobre um livro aberto de quase 3 metros de comprimento, que faz alusão à Bíblia. A escultura estava exposta na Bienal desde a abertura do evento, no dia 30 de setembro de 2017.

A obra vandalizada faz parte de uma série de 2012, descrita por Ruowang, em seu perfil no Facebook, como uma crítica à relação do homem com a natureza: “Hoje a civilização avançada traz uma cultura material avançada, mas a natureza em que vivemos está sendo destruída de forma incessante. O olhar perplexo e a expressão inocente do macaco-homem revela o desejo de corrigir tudo isso e avançar para um futuro brilhante”.

Por meio de nota, o MON ressaltou que “o espaço é equipado com câmeras e têm a presença constante de profissionais de segurança” e que “assim que o dano foi verificado, o museu informou a Bienal de Curitiba, responsável pela escultura”.

A assessoria da Polícia Civil do Paraná informou, também por nota oficial, que o “furto da escultura na Bienal de Curitiba está sendo investigado pela Delegacia de Furtos e Roubos (DFR) que apura os fatos”.

Presidente da Bienal de Curitiba, Luiz Ernesto Pereira disse ter sido informado do roubo na última sexta-feira e fez o boletim de ocorrência no sábado. Ele conta ainda que artista foi informado hoje sobre o ato de vandalismo e, por conta do fuso horário, ainda não retornou à cordenação da Bienal.

— Quando visitou Curitiba para definir a instalação, Liu Ruowang queria inclusive optar por outro local. Nós o convencemos a instalá-la nos Jardins do MON pelas orientações da segurança, já que o local é monitorado por câmeras e tem rondas frequentes — destaca Pereira. — Há uma grande preocupação neste sentido pela característica da Bienal de Curitiba, que é de privilegiar os espaços públicos. Em 25 anos de eventos, nunca tivemos nenhum problema semelhante.

No início do mês, o deputado estadual do Paraná Missionário Ricardo Arruda (PEN), havia publicado um vídeo pedindo a seus seguidores que dessem suas opiniões sobre a escultura.

Nas mensagens, Arruda questiona se não seria “uma inversão de valores, contrariando a teoria de que quem criou o mundo e nos deu a vida foi Deus”, colocar “um macaco em cima da Bíblia?”. O parlamentar indaga ainda se a obra não representa um “desrespeito a quem é cristão”. O presidente da Bienal lamentou a postagem, dizendo que poderia estimular ações de radicais religiosos contra as obras expostas.

— A investigação vai seguir várias linhas, e não deve descartar a ação de algum fanático motivado pelo conteúdo do vídeo. Não acredito que tenha sido esta a intenção do deputado, como ele destacou em um vídeo posterior. Mas não podemos ter controle sobre as nossas palavras, o vídeo pode ter sido interpretado equivocadamente como uma convocação para atacar a obra — observa Pereira.

Após a divulgação do sumiço do macaco da obra o deputado voltou a postar sobre o assunto em sua rede social. Ricardo Arruda publicou uma nota de esclarecimento, afirmando que não acredita que o desaparecimento tenha alguma relação com o vídeo que gravou sobre a obra.

Ele afirma ainda que “trata-se apenas de uma coincidência” e que não apoia “nenhum tipo de vandalismo”.

Leia na íntegra a nota divulgada pelo Museu Oscar Niemeyer:

“O Museu Oscar Niemeyer segue as normas internacionais de segurança. O espaço é equipado com câmeras e têm a presença constante de profissionais de segurança.

Apesar do rigor da segurança, a escultura “Original sin”, do artista chinês Liu Ruowang, que estava em exposição pela Bienal de Curitiba na área externa do MON, foi danificada na última semana.

Assim que o dano foi verificado, o museu informou a Bienal de Curitiba, responsável pela escultura.

As providências necessárias para investigação estão sendo tomadas junto às autoridades competentes e as imagens capturadas pelas câmeras estão sendo analisadas. O Museu Oscar Niemeyer lamenta o ocorrido a essa obra”.

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2 ideias sobre “O macaco sumiu!

  1. Fausto Thomaz

    Eta terceiro mundo do cacete, povinho de merda sem educação…e ainda querem de volta os analfabetos no poder….lixo.

  2. Aparecido Guergolette

    Sou um apreciador de artes plásticas. E assim sendo, minha opinião em relação o “macaco exposto sobre a Bíblia”, perfazendo a obra de Arte, nada haver com o desrespeito à Bíblia. Se partimos da premissa que o primeiro e maior Criador desta belíssima “arte-planeta” é Deus, pois Ele criou o sol, a terra, o mar etc, bem como os “Primatas macaco”, então não se deve censurar o trabalho [Original Sin] belíssimo do artista chinês Liu Ruowang. A obra em si, é uma pérola” Linda! Comunicativa!

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