6:37Making Off

Rogério Distéfano

Mia Khalifa, 26, líbano-americana, abandona a carreira de atriz pornô, na qual brilhou por três sacudidos e prolíficos anos. Como o editor do blog exige veracidade, fiz a pesquisa e oriento os leitores: joguem o nome no Google e confiram. Mas longe de cônjuges e cônjugas, como diria a ex-presidente Dilma. Lição ensinada pelo primo Savério Marrone: “meu casamento acabou por causa do cinema pornô”.  Quando a mulher quis saber por que não replicava os filmes em casa, sua resposta foi fatal; “amor, você ia ficar mal acostumada”.

A ex-atriz agora é comentarista de esportes, labor menos cansativo. Um desperdício. Não por ter abandonado o pornô. Há intérpretes mais talentosas, versáteis, criativas. Atrizes, porque os homens são meros coadjuvantes. Não falam, não gemem, muitas vezes nem o rosto mostram. Tem até dublê daquilo, pois aguentar o tranco de horas de filmagem não há sildenafila que ajude. Cinema pornô é como futebol: a aposentadoria vem cedo, sem a desvantagem das lesões e a vantagem de jogar na China. Para atrizes pornôs o tempo de carreira, se agrega experiência, também agrega decadência, exigindo-lhes novas e degradantes interpretações.

Mia Khalifa desperdiça talento. Queria ser comentarista, enveredasse pela crítica do cinema pornô. Quantos de nós, cinéfilos ou pornófilos, não temos curiosidade sobre essa vertente da arte. Por exemplo, as falas são ensaiadas ou dubladas? As cenas são filmadas em tempo real ou interrompidas, exigindo o continuista, que evita aparecer um relógio no membro errado? As filmagens respeitam intervalos para refeição? São questões pertinentes, pois se o cinema normal,  em que os protagonistas transam envolvidos em três lençóis, antecipa o making off, como o filme foi feito, o cinema pornô só tem fucking off.

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