Rogério Distéfano

CAMPANHA ELEITORAL de Curitiba, a surpresa na propaganda de Rafael Greca: o adversário Ney Leprevost é comunista porque apoiado por partido comunista. Esqueçamos a burrice de falar em comunismo, que só existe na Coreia do Norte – que a rigor nem comunista é, mas monarquia de foice e martelo. Se o comunismo de Leprevost for como o russo e o chinês, bem vindo comunismo de Ney Leprevost, é caso de votar nele. Maldade com Leprevost, que só aprendeu a soletrar comunismo depois que fez o ensino médio à distância – e nem à distância ele conhece o comunismo.

Mas se alguém dissesse que Leprevost é devoto de Proudhon (Pierre-Joseph, Paris, 1805-1865), aí a coisa mudaria de figura. Seria anarquista, gente pior que os comunistas. O comunista propõe acabar com a propriedade privada e fazê-la pública; meu cafofo no Pilarzinho, o velho Monza estropiado nas mãos do povão, até passa, desde que todos cuidem e aproveitem. Porém o pessoal do Proudhon é pior, anarquista, quer pura e simplesmente acabar com as instituições. Felizmente o anarquismo tem matizes, como o de Charlie Chaplin, que dizia professar um ‘anarquismo lírico’.

Para não me estender, lembro a frase famosa de Proudhon: “a propriedade é produto do roubo”. Ou seja, tudo que está em minha casa, na minha sala, no chafariz do sítio, foi roubado de alguém. Nem que tenha sido achado na rua, na caçamba da demolição ou comprado no antiquário, é roubo. Se Leprevost não é comunista, muito menos é anarquista. Nunca ninguém duvidou da propriedade do automóvel dele, dos móveis da casa dele. Não sei onde está com a cabeça o marqueteiro de Leprevost que não usa isso na campanha. Deve achar – com razão – que o eleitor não capta a diferença.