12:45Indicativo ou Subjuntivo

Rogério Distéfano

Diante do habitual desentendimento com o governo do Estado é previsível que os professores aprovem ‘indicativo’ de greve. Que me perdoem os mestres, a quem tanto devo, mas essa palavra – indicativo – só tem utilidade na gramática, para indicar o verbo no modo de tempo real. Seria isso? Então que me perdoem novamente os professores, porque estão errados. Pior, errados no seu campo de trabalho. Se a greve pode vir como pode não vir, se opera no modo da probabilidade chamado Beto Richa, o certo seria lançar o ‘subjuntivo’ de greve.

Deixa pra lá, a acentuação mudou, a ortografia mudou, a gramática também pode mudar, do mesmo modo que mudam os professores do Paraná. Por dever de ofício não posso defender a greve. Já a orientação política não me permite apoiá-la, uma vez que a moblização dos professores tem interferência da oposição ao governo, motivação partidária. Mas o lado cidadão exige que declare, não meu apoio, sim algo como uma simpatia lírica com a greve no magistério. Esclareço os dois termos – lírico e magistério – àqueles que enroscam na vírgula e extraem dela uma catilinária de absurdos.

Lírico, aquilo que fica no ideal, no sonho, tipo o amor platônico, sem consumação carnal. Magistério significa qualquer magistério, estadual, federal, municipal, público ou privado, inclusive o de aulas particulares. Cidadão apoiando greve? Sim, porque a greve melhora a cidade. O trânsito tranquilo, os motoristas sem neurose, os carros sem crianças sonolentas, a atmosfera limpa, respirável. Ora direis, tresloucado amigo, e o ensino, o aprendizado? E vos direi no entanto que os que menos perdem na greve são os estudantes, que pouco aprendem com professores que fazem política partidária.

Os alunos aprendem alguma coisa quando a greve termina e as escolas entram nos programas concentrados de recuperação – porque os professores não têm tempo para a doutrinação do ano letivo, digamos, normal. Afinal, greve no tempo de recuperação do currículo prejudica as férias. E professor tem família, filhos também alunos, aos quais não pode impor o sacrifício de continuar em aulas. Lamento apenas que indicativo, ou subjuntivo, de greves não seja coordenado: ensino fundamental, médio, superior, particular e público, tranquilidade apenas quebrada pelos carros de som.

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Uma ideia sobre “Indicativo ou Subjuntivo

  1. antonio carlos

    Gostaria de saber o que passa pelas cabeças de pais e mães que relegam a educação formal dos seus filhos a professores tão empenhados, consigo mesmos. Tenho pena deles. Mas vamos e venhamos, ou convenhamos se mais lhe agradarem, quem em são consciência se dispõe a ensinar a alunada de hoje? Este povo não quer aprender nada , quer se iludir, fazer de conta que a escola, além da merenda, lhe ensinou alguma coisa. E não ensinou . Amanhã de nada adiantará o Governo criar cotas de emprego nas empresas, porque o tigrão ou a tigresa não terão coragem e condições de enfrentar a realidade do mundo do trabalho. A a escola de hoje cria dependentes para o resto das vidas da alunada , de pouca valia tem ser um ás no Face, ele não arruma emprego para ninguém. E os que trabalham no Face são profissionais muito gabaritados, que sabem muito bem ler e escrever.

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