21:00HORÓSCOPO

por Zé da Silva

Sagitário

Veio. De novo. Imagens como no famoso cartaz do bêbado. E ele nunca bebeu. Mas tinha passado por isso há muito tempo. O motivo, simples. Passou vontade. Antes, podia ser um passeio abortado. Depois, ficou muito, mas muito tempo sem o sintoma. Lembrou, enquanto via a tela de tv com “fantasma”, que naquele passado distante quando sentiu a crise mais forte, não adiantou a visita do pediatra, os passes da macumbeira, as orações da mãe e as velas acesas à Nossa Senhora Aparecida. Até o pesadelo do menino era em imagem duplicada. Foi então que lembraram do velhinho. Morava na mesma rua, nos fundos de um quintal, sozinho. Benzedor. Levaram o garoto, barriga grande, umbigo estufado. Januário rezou baixinho, fez o sinal da cruz na testa, na boca, no peito do vesguinho e colocou encerrou o ritual colocando o escapulário no pescoço do enfermo. Deu a ordem: deixá-lo ali até o barbante apodrecer e a imagem sumir. Foi o que o menino fez, mesmo porque no dia seguinte a visão tinha voltado ao normal. Mas, agora, adulto… Onde está Januário? E tudo começou quando chegou em casa e tinham acabado de comer uma fuzilete com molho Alfredo e não deixado nem o cheiro para ele. O que fazer? Se trancou no quarto, tentou pedir o mesmo prato pelo telefone. Não conseguiu. Foi dormir. Januário apareceu. E benzeu de novo.

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