Hoje tem espetáculo? Tem, sim senhor! A maioria dos deputados federais do Brasil, representantes dos espectadores que eles teimam em chamar de povo, vai carimbar o passaporte de Michel Temer, que não pode ser chamado de presidente por motivos óbvios, para ele continuar como chefe de quadrilha até o final do ano que vem. Escrever e falar a sério sobre isso é o mesmo que bater palma para maluco dançar. “O Brasil é um prato cheio para o sarcasmo e avacalhação”, escreveu o odiado e amado Diogo Mainardi. Quem contesta? “O Brasil não tem partido de direita, de esquerda, de nada, tem um bando de salafrários que se reúnem pra roubar juntos”, arrematou o mesmo. É mentira, Terta? O mordomo de filme de vampiro está fazendo um favor tão importante como o da Lava Jato, que ele abomina, podem ter certeza. Ele está esculachando toda a ninguenzada desde que derrubou aquela outra, o poste daquele outro, montando seu ministério com os mais eficientes bandidos do governo anterior, a que pertenceu como vice, e chamando todo mundo de burro e tapado ao dizer que não tem nada a ver com a ladroagem explícita (assim como sempre repetiu o líder da esquerda). Na sua empáfia de peito estufado, ele acha que pode, sim, comprar os 300 picaretas com cobertura nacional da imprensa – porque é assim mesmo que funciona, e ninguém tem nada com isso! Fala sério! O escracho, se não fosse trágico, incentivou a deflagração da campanha para sucedê-lo em 2019, com personagens que, em respeito aos palhaços, têm o perfil de personagens daqueles filmes que são comédias de horror. No caso, o público ri para não chorar. E paga-se na entrada, na saída e durante o espetáculo. “É preciso ter esperança para não enlouquecer”, escreveu um dia o saudoso Fausto Wolf no livro “O Acrobata pede desculpas e cai”. Isso faz tempo. O que se vê no país hoje é um esforço para acabar até com o pouco que resta do outro lado da desgraça geral.