8:11Erro de avaliação

Do enviado especial

Em agosto de 2014, meses depois de descoberto voando no jatinho do doleiro Alberto Youssef, sendo massacrado pela imprensa e pelo conselho de ética da Câmara dos Deputados, André Vargas pede uma agenda com Rui Falcão então presidente do PT, para tratar de sua defesa.

Numa terça-feira pela manhã, o ex-deputado federalvai ao Lago Sul, bairro nobre de Brasília, pega seu advogado e ambos vão para a sede do PT – imponente edifício no setor bancário sul.

São 10 horas da manhã e Vargas entra no PT. Saudado por companheiros, vai direto para a sala do todo poderoso Falcão.

Após saudações de praxe, o ex-deputado começa sustentando que toda pressão que vinha sofrendo era apenas a “ponta do iceberg”, e que o que pretendia a imprensa, a oposição e o Juiz Sergio Moro era derrubar Dilma e depois colocar Lula na cadeia.

Segundo Vargas, esse seria o plano da “direita fascista” e que a desproporcional insistência em cassar seu mandato nada mais era que um dos itens desse plano.

Rui Falcão, dissimulado como sempre, faz cara sua costumeira, cara de inteligente, agregando a ela uma tez falsa tez de preocupação. Promete levar as preocupações de Vargas para a então presidenta Dilma.

Passada uma semana dessa conversa, o advogado de Vargas vai a Falcão, desta vez sem o cliente. O ex-presidente do PT diz que não havia procurado Dilma, pois entendia que Vargas estava exagerando e que um Juiz de primeiro grau do Paraná não seria capaz de levar em frente um plano que pra ele àquela época lhe parecia absurdo.

Vargas indignado com a inação de Falcão, dias depois foi a Dilma e, em seguida, até Lula.

Ninguém lhe deu ouvidos. Pelo contrário, fizeram-lhe pouco caso.
Tremendo erro de avaliação de Falcão, Dilma e Lula.
No dia 5 de abril de 2018, 3 anos e 8 meses após a reunião com Falcão, o Juiz Moro decreta a  prisão de Lula.
André Vargas havia acertado sua previsão –  ou talvez premonição.

 

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4 ideias sobre “Erro de avaliação

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