19:18Entre o recife e as ondas

De Rogério Distéfano, no blog O Insulto Diário

O cenário para o segundo turno, a julgar pelo noticiário: Bolsonaro x Haddad. Vitória de Haddad, a quem se aliam os derrotados no primeiro turno. Resultado: Haddad presidente, governando com o Centrão. Como sempre, o Centrão mandará e roubará, via novo mensalão ou novo petrolão.

Dúvidas: Haddad segue marionete de Lula, que governa de longe; será tutelado pelo PT e pelos gritinhos de Gleisi Hoffmann; ou chutará o pau da barraca, convencido, como qualquer eleito, de que os votos que recebeu são a fonte e legitimação de sua autoridade.

A revolta contra o PT, vitaminada no ódio dos derrotados, o que vai trazer ao país? É justo especular que o mito da cordialidade brasileira está no fim; as mobilizações do impeachment e as contra Bolsonaro são prova disso. Repressão, intervenção, o panorama previsível. Os políticos e o STF teimam em ignorar, mas o Brasil mudou.

O Brasil está dividido, como estão divididos os EUA. Mas, diferente dos EUA, não temos instituições permanentes, fortes e opinião pública consistente para manter a estabilidade social. A legitimidade da eleição será aceita como os petistas aceitam a legitimidade do impeachment? A resposta está na pergunta.

Quando Lula despontava, José Sarney dizia que “ele tem que nos passar pela garganta”. Sarney não só engoliu e digeriu Lula como ganhou saúde e sobrevida com ele. Não precisaremos engolir Bolsonaro – a menos que uma virada súbita o eleja no segundo turno. Nosso cardápio tem dois pratos; conhecemos o sabor Lula; não provamos o sabor Bolsonaro.

O prato que nos passará pela garganta chama-se Haddad e será servido com a farofa Lula e o bife rolê Gleisi (aquele enrolado em toicinho, preso no palito que nos fere o palato, com gosto de molho ruim, salgado em excesso). Começo a estocar digesan e pantoprazol, para azia, má digestão e refluxo gástrico.

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