8:20DÉCIMAS PARA MESTRE GRAÇA

de Cosme Rogério

Frágil corpo, suportando alma ardente
Como a ponta do cigarro entre seus dedos
Na escrita, exorcizou todos os medos
Desde menino, filho de amor ausente
Quando homem, feito um caeté descrente
Não ergueu nenhum castelo de areia
Deparou-se com a chave da cadeia
Fez das letras trincheira de resistência
Cultivando a virtude da decência
Na esperteza tão humana de Baleia

Sai do âmago da terra essa agonia
Esse limite que encarcera o ser humano
É o silêncio de um pobre Fabiano
Que na cidade grande se angustia
Carne que em mil pedaços se fatia
E respinga neste chão no qual pisamos
E as dores que, no peito, carregamos
Em sua arte ganham nova dimensão
Esta imagem de homem rijo do sertão
É a face de Graciliano Ramos

Da coisa pública, a zelar com retidão
Tal testemunho o relatório eterniza
E nas cartas de amor a Heloísa
Devotamente abriu todo o coração
Das memórias nordestinas, guardião
Aos esquecidos da história, se irmana
A liberdade, defende e não se engana
Por tantos feitos, canto hoje a figura
Desse grande mestre da literatura
Esta joia da cultura alagoana

*Poema feito para a Jornada Cultural de Palmeira dos Índios (Al) em homenagem aos 120 anos do nascimento do escritor Graciliano Ramos. Foi remiado pela Academia Palmeirense de Letras em 9/11/2012. Publicado no “Rico Rocking Blogspot”, de Ricardo Silva

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