19:35CECÍLIA MEIRELES

Sou entre flor e nuvem,
estrela e mar. 
Por que havemos de ser unicamente humanos, 
limitados em chorar? 

Não encontro caminhos
fáceis de andar. 
Meu rosto vário desorienta as firmes pedras
que não sabem de água e de ar.

E por isso levito.
É bom deixar 
um pouco de ternura e encanto indiferente
de herança, em cada lugar. 

Rastro de flor e de estrela,
nuvem e mar. 
Meu destino é mais longe e meu passo mais rápido: 
a sombra é que vai devagar.

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