6:34Buraco sem fim

Luiz Fernando Figueiredo, ex-diretor do Banco Central e, claro, atualmente sócio de um banco de investimento, disse que se as reformas que estão sendo paridas em Brasília não forem implementadas, o Brasil despenca no precipício. Mas… qual a novidade nisso?

Confira:

Da coluna Mercado Aberto, na Folha de S.Paulo

Reformas ineficazes levarão país ao precipício, diz ex-diretor do BC

“Os próximos 20, 30 dias serão um divisor de águas para os próximos anos no Brasil. Ou escolhemos o bom caminho, ou o precipício”, diz Luiz Fernando Figueiredo, sócio da Mauá Capital e ex-diretor do Banco Central.

A economia poderá crescer acima de 3% em 2018 caso o governo consiga que a reforma aprovada seja 60% a 70% da proposta original, sem excluir pontos como a idade mínima de 65 anos para aposentadoria, afirma.

“Sem a reforma, a Previdência hoje custa 8% do PIB. Em 2060, essa porcentagem irá para 19%.”

Figueiredo diz também que, caso as medidas não sejam aprovadas de forma bem-sucedida, os políticos eleitos em 2018 “serão engolidos pelo processo de piora, como a presidente Dilma.”

“Ou resolvemos o problema fiscal, que é insustentável, ou teremos uma descontinuidade. O país não consegue se endividar muito mais”, afirma o executivo.

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Reforma da Previdência

Este é um dos momentos mais importantes da nossa história porque a situação de hoje é a de um país quebrado, só que com um bom horizonte, que são as reformas.

Não dá mais para brincar. Nos últimos dez anos, a relação entre dívida e PIB cresceu de forma brutal, mais de 10, 15 pontos percentuais.

Para que a reforma não seja uma ‘meia-sola’, é preciso que permaneça ao menos 60% ou 70% da proposta original.

Isso quer dizer que [é preciso incluir] quase obrigatoriamente a idade mínima de 65 anos para os homens e perto disso para mulheres, além de outros pontos.

Com uma boa reforma, melhora muito o problema, e se houver aumento de imposto, será uma coisa muito marginal. Teremos mais crescimento e mais emprego, em uma economia mais produtiva.

Se tivermos uma má reforma, a alta de imposto terá de ser muito maior. E quem mais sofre é a classe mais pobre.

Diante de alguns gastos que crescem sem parar, você comprime outros e vai ter de aumentar muito tributo, o que torna a economia menos eficiente. É uma espiral da qual não se consegue sair.

É pior do que mediocrizar a economia, é levá-la a uma situação de total desequilíbrio estrutural, sem solução, porque a reforma da Previdência já terá ocorrido, e ela é o grande problema, com gastos que crescem muito rápido.

Sem reforma, anualmente, teremos um crescimento nas despesas de R$ 100 bilhões, a partir deste ano. Não dá mais para ser gradualista.

Eleições

Se a economia estiver crescendo pelo menos 2% ou 3% no ano que vem, a chance do país estar em uma boa direção em 2019 é enorme.

Se passar a proposta [deficiente] e a economia ficar ruim, não haverá agenda para uma nova reforma, e sim para a direção oposta.

A oposição não precisa concordar com tudo, mas ser contra uma reforma como essa significa que, se ela ganha em 2018, pegará terra arrasada. Como vai governar assim?

Será engolida pelo processo de piora, como foi o caso da presidente Dilma, quando tentou arrumar [a situação econômica].

Juros

Estamos no caminho de políticas racionais, sustentáveis, com isso o país poderá ter menos altos e baixos e a inflação ficará onde sempre deveria ter ficado, no nível de sua meta, que hoje é 4,5%.

Nada nos faz pensar que o Banco Central não vai cortar a taxa Selic [na quarta-feira, 12] em 100 pontos-base.

Os sinais de inflação estão muito melhores e o Banco Central não se mostrou desconfortável, pelo contrário.

Os juros deverão ir para 8,5% ou 9% até o final de 2017.

Investimentos

Ao longo do segundo semestre de 2016, a confiança melhorou muito. O que se imaginava é que, a partir da melhora da confiança, viesse o resto, e não veio.

Se passarmos por esse divisor de águas [das reformas], provavelmente teremos mais crescimento, e a queda do desemprego, prevista para 2018, poderá ser antecipada.

Recebemos investidores estrangeiros e muitos dizem ‘minha próxima operação será no Brasil, mas eu não compro até passar ao menos a primeira parte da reforma’.

O Brasil ainda depende muito de suas pernas.

 

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