7:58As diárias do barulho

Tempos atrás um dos principais atores do enredo que fez explodir uma das bombas demolidoras no governo de Beto Richa disse ao signatário que um dos erros crassos do governador, orientado ou não por sua equipe, foi dizer que Luiz Abi Antoun era parente distante, do tipo que quase não conhecia. Queimou-se diante dos que sabiam que eles eram próximos e também diante da opinião pública, que passou a ser bombardada com fatos que diziam exatamente o contrário. Houve uma tentativa de remendo, quando Richa falou que o “primo” era das suas relações sociais. Isso depois que Abi foi preso pela primeira vez, por conta da denúncia do Gaeco sobre fraude na licitação da oficina de manutenção de carros oficiais. Aí houve outra prisão, agora com acusação de envolvimento com os auditores da Receita Estadual de Londrina, denunciados por achacar e cobrar propina de empresas para burlar o fisco. Disso tudo resultou que qualquer fiapo esquisito que ligue Abi ao governo e ao parente distante se transforma num novo capítulo explosivo, como o que se transformou em manchete da edição de hoje do jornal Gazeta do Povo (ler reportagem abaixo), onde se revela que uma empresa da família de Abi pagou diárias de um hotel de luxo de Curitiba para Mauro Ricardo Costa em dezembro do ano passado (uma diária), quando este era convidado para ser secretário da Fazenda do Governo do Paraná e trabalhava no pacote fiscal que detonaria o início da longo inferno astral de Richa. Depois foram mais cinco, na passagem do ano. Valor total das despesas: R$ 1.751,40. Costa informou ao jornal que ressarciu os pagamentos ainda em janeiro, não negou que se encontrou com Luiz Abi e afirmou que isso não tem nada a ver com o que aconteceu depois, ou seja, com o que foi exposto com as operações do Gaeco. O problema, então, retorna à primeira explicação de Richa sobre o parente distante. Se, como disse um dos detonadores das denúncias, Richa informaasse, na primeira entrevista, que, sim, conhecia Luiz Abi e que se ele tivesse se metido em encrencas, deveria pagar pelo que fez – mesmo porque estaria usando de forma incorreta a proximidade com o poder. Seria uma explicação no velho estilo dos políticos, mas não abriria tanto a estratégia de defesa, como aconteceu. A negação deu no que deu, está dando e pode dar mais. Confiram:

Empresa ligada a Abi pagou hotel para secretário da Fazenda de Richa

Mauro Ricardo Costa teve seis diárias bancadas pela Alumpar Alumínios, que está no nome dos dois filhos do empresário

  • Euclides Lucas Garcia

Indiciado sob a acusação de ser o chefe político do esquema de corrupção na Receita Estadual do Paraná, o empresário Luiz Abi Antoun pagou despesas de hospedagem do secretário da Fazenda, Mauro Ricardo Costa, num dos principais hotéis de Curitiba. O pagamento de pelo menos seis diárias, no valor de R$ 1.751,40, foi feito pelaempresa Alumpar Alumínios, de propriedade da família Abi Antoun.

Registro do hotel Bourbon, obtido com exclusividade pela reportagem da Gazeta do Povo, mostra que Mauro Ricardo Costa e a esposa se hospedaram no local entre os dias 31 de dezembro e 5 de janeiro. Segundo a reserva, que identifica Costa como “futuro secretário da Fazenda do PR” e foi feita em 9 de dezembro, o pagamento da estadia correu por conta da Alumpar. No total, cada diária na suíte premier do hotel saiu por R$ 278 mais 5% de ISS, totalizando R$ 1.459,50. O documento menciona que o “Sr. Pablo virá pagar no hotel”. Já as despesas extras, como o uso da garagem do hotel e o consumo de produtos do frigobar, foram pagas pelo próprio secretário – não há o valor no documento.

Outro registro aponta que Costa se hospedou no hotel entre os dias 7 e 8 de dezembro, também com a diária, no valor total de R$ 291,90, paga pela Alumpar.

Empresa de Abi

Sediada em Londrina, a Alumpar Alumínios pertence à GV Alumínios e à KLM Brasil Indústria Eletrônica. Esta última, com sede em Cambé, tem como sócios os dois filhos de Luiz Abi: Kouthar e Nemer Abi Antoun. De acordo com a certidão da empresa, Nemer é representado na sociedade pela mãe, Eloiza Fernandes Pinheiro Abi Antoun.

Os documentos da Junta Comercial apontam ainda que o próprio Luiz Abi constava como sócio da KLM quando ela foi criada, em setembro de 1990.O empresário, porém, deixou a sociedade em maio de 2012. Já Eloiza, que também participou da sociedade quando a KLM foi criada, deixou o controle da empresa em outubro de 1997. Em 29 de maio de 2012, voltou a figurar como sócia, mas, no mesmo dia, saiu da sociedade junto com o marido.

Fraudes

Há pouco mais de dez dias, o Grupo Especial de Combate ao Crime Organizado (Gaeco) indiciou 109 pessoas na segunda fase da Operação Publicano, que investiga um esquema de corrupção na Receita Estadual. Primo do governador Beto Richa (PSDB), Luiz Abi é apontado como o operador político do esquema, que consistia em uma rede de extorsão e subornos, pagos por empresários, para bloquear cobranças milionárias de impostos estaduais devidos por empresas de Londrina e região.

Em outra ponta, empresários também pagariam para se tornarem “blindados” e protegidos das fiscalizações da Receita. Segundo o Gaeco, o próprio Abi, por exemplo, teria ordenado o encerramento de uma fiscalização na GV Alumínios, uma das proprietárias da Alumpar.

“Confio em Deus e amo a minha família. Só isso que tenho a dizer”, afirmou Abi recentemente, na única declaração pública que fez sobre o tema. Já Richa sempre alegou ter apenas “relações sociais” com o empresário e ressaltou que não pode ser punido pelos erros de outras pessoas.

Costa se defende e diz que ressarciu diárias

Por meio da assessoria, o secretário da Fazenda, Mauro Ricardo Costa, confirmou que sua hospedagem entre 31 de dezembro e 5 de janeiro foi bancada por um terceiro, mas sem o conhecimento prévio dele.

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4 ideias sobre “As diárias do barulho

  1. Sergio Silvestre

    O Cara não pagou a conta do hotel e não sabia que alguém teria pago,como são mentirosos hein.

  2. Oto Lindenbrock Neto

    A explicação do czar Mauro é simplória. Mas é o retrato do governo. Todas as respostas são de um primarismo quase débil mental. Mas, como dizia o Barão de Itararé: “de onde menos se espera, dali é que não sai nada mesmo”. A única coisa a esperar do governo BR é que ele acabe.

  3. leandro

    Espertinho o secretário, mas falar o que dele, só dele ? E as viagens do Lula patrocinadas pelas empreiteiras d Petrobrás, das consultorias do Zé Dirceu e outros tantos, o que é uma “diariazinha” no hotel 5 estrelas perto dos milhões desviados da Petrobrás? Na realidade não importa é tudo igual, mas parece que as pessoas esquecem e se focam de um lado só.

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