Por Ivan Schmidt
Os pré-candidatos ao governo estadual, precipuamente os três mais citados pela mídia e identificados pela opinião pública, abstraídas as muitas diferenças existentes entre si e outras questiúnculas, se debatem com um ponto comum: nenhum deles teve condições de revelar o nome de quem estará a seu lado na chapa oficial, disputando a vice-governadoria.
Na verdade, o fato aponta para as dificuldades inerentes aos grupos partidários, até aqui verificadas, na formação das alianças em torno desse ou daquele candidato, tendo em vista que o período que antecede as convenções é dedicado a uma interminável charla entre os que têm – ou pensam ter – algo a oferecer, e a outra parte que anseia receber apoio decisivo na figura política finalmente escolhida para a chapa.
Um pormenor obrigatório nessa discussão é, certamente, a escassez de nomes respeitáveis num cenário cada vez mais desprovido de homens e mulheres que honram a carreira política com uma folha de serviços exemplar.
O xadrez que se joga nessas ocasiões, na maioria das vezes sequer cogita o exame do caráter ou da personalidade – além da vida pregressa – dos virtuais companheiros de chapa do candidato majoritário, que não raro mais do que a frustração na contagem dos votos, passam a representar peso insuportável na campanha eleitoral, e se eleitos, no futuro governo.
Pode-se pensar também, e essa é uma hipótese ponderável, que a opção definitiva pelo nome do vice deva ser deixada para o momento último prescrito pela legislação eleitoral, ou seja, a realização das convenções partidárias até os primeiros dias do próximo mês de agosto, tendo em vista a importância que a figura do vice passou a ter de uns tempos para cá.
A lembrança imediata é a de Itamar Franco, o vice de Fernando Collor, que assumiu o posto e teve tino suficiente para realizar um excelente governo, abrindo o caminho para a correção da economia com o Plano Real e a viabilização da candidatura de Fernando Henrique Cardoso à presidência da República.
O mesmo dificilmente poderia ser dito a respeito de Michel Temer, vice de Dilma Rousseff, que recebeu a presidência de mão beijada com o impeachment da titular, para amargar a experiência de ver alguns ex-ministros de sua inteira confiança na cadeia e outros a caminho.
E pior, descer a humilhantes percentuais na avaliação dos cidadãos brasileiros, como nunca houve na história recente do país.
Para não dizer que não falei de flores, com a célere aproximação do limite imposto pela Justiça Eleitoral e sem maiores feitos de natureza política a demarcar as pré-campanhas a ponto de empolgar os eleitores – nunca se viu um debate tão pobre – os pré-candidatos Ratinho Jr, Osmar Dias e Cida Borghetti vão cozinhando em fogo baixo suas principais propostas e fórmulas para governar.
Como observadores e possíveis beneficiários dessa fase ainda carente de pontos fortes e incisivos, o senador Roberto Requião e o ex-governador Beto Richa, que pretendem confirmar e/ou conquistar uma cadeira no Senado, assim como o senador Álvaro Dias, cuja meta sonhada desde os anos 80 é ser presidente da República, buscam abertamente uma colocação equidistante das pré-campanhas para o governo, ao passo que beliscam aqui e ali os votos de um eleitorado ainda em fase de indefinição. Álvaro, inclusive já deixou claro que não dará apoio exclusivo a nenhum dos postulantes ao governo do Estado, apesar do irmão Osmar disputar pelo PDT.
Requião, ao que parece o mais preocupado com o futuro imediato, quer em troca de apoio a quaisquer dos três pré-candidatos que lideram a corrida, a vaga de vice-governador para o irmão Maurício, a quem não conseguiu emplacar no Tribunal de Contas.
O ex-governador Beto Richa, por sua vez, não titubeia em rodear o alambrado, na feliz definição de Leonel Brizola, mesmo porque os votos necessários para chegar à Câmara Alta são os mesmos que, afinal, serão dados a Ratinho, Osmar ou Cida.
No cenário de uma eleição diferente de todas as anteriores no Paraná, uma figura relevante é a do deputado Ricardo Barros, que a cada passo tira um coelho da cartola operando bem mais como um criador de factótuns.
Caro amigo Ivan, hoje é seu dia
A aguda percepção do
momento político nacional o credencia para uma análise do que ocorre no Paraná, no que diz respeito ao desembaralhamento promovido pelo Centrão com sua aderência à candidatura Alckmin.
Mãos à obra.