3:16Não tem jeito!

O Carnaval terminou? Não! Porque o samba continua, atravessado, azuretado, do crioulo doido, com a comissão de frente, qualquer frente, ensandecida, jogando para a plateia, mas da forma mais falsa possível, ou seja, para dentro, para alimentar os podres poderes, porque sempre é carnaval, assim, em minúscula, que ilude, de todas as formas, agora com a tecnologia 44 d, para anestesiar ainda mais toda a ninguenzada pobre e ignorante, e os classe mérdia que se acham, e os intelectuais acima do bem e do mal trabalhando como escravos para donos do poder, aquele, fétido, do andar de cima, a fim de alimentar a impressão de superioridade regada a dinheiro, bens, ‘inteligência’ e o escambau. E vem a constatação numa estradinha nordestina que levou o grande Graciliano Ramos de Quebrangulo, onde nasceu, a Palmeira dos Índios, onde foi prefeito e seus relatórios revelaram não só o grande mestre da literatura, da concisão, do olhar para o que estava em sua volta, dentro dele, mas também pela seriedade, honestidade, princípios – e se alguém aí pensar nele como comunista, é porque é mais um abestalhado que toma conta hoje das redes sociais espalhando material para o esgoto da burrice. Pois na estradinha, estavam lá, caídos na beira do asfalto, três urubus mortos, um perto do outro. Mais adiante, placas de sinalização furadas a bala. Neste Brasil, pouco conhecido dos habitantes das grandes cidades, onde o umbigo da maioria é visão única, onde a mente é embotada pelo concreto, de repente vem a voz lá de não sei de onde, mas daqui de dentro, da origem, do sítio sob sol escaldante, dos antepassados, cujas vozes saíram pela boca de alguém que fez a grande aventura para o sudeste – e voltou para morrer no seu pedaço de chão: “Essa merda não tem jeito”.

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