10:53Experiência & esperança

De Rogério Distéfano, no blog O Insulto Diário

HÁ DUAS COISAS admiráveis no presidente Jair Bolsonaro. Uma é o amor incendiário pelos filhos, incondicional e cego. Outra é a fidelidade ao casamento. Sobre sua relação com os filhos nem precisa lembrar, está nos jornais todos os dias. A fidelidade ao casamento nele é uma coisa especial, assim tipo Vinicius de Morais, que dizia “fui, sou e sempre serei casado” – e o poeta casou oito vezes.

Bolsonaro sempre foi casado, está na terceira mulher – menos no período, antes de Michele, em que usava o auxílio-moradia de deputado para “comer gente” . Há quem torture o bestunto para saber o que é “comer gente”, seria um canibal o velho Bolsonaro? Na época do Bolsonaro deputado todos sabiam o que era “comer” e o que era “gente” (quem não comeu gente até hoje?).

Nestes dias do Bolsonaro presidente este Insulto já o vê como o tupinambá que comeu o Bispo Sardinha no espeto, em milanesa de mandioca e puxado no cauim. Preocupa-nos o atual casamento do presidente. Há sinais de alerta. Bolsonaro se mandou para o Nordeste no revelhão e deixou a primeira-dama em Brasília convalescendo de cirurgia plástica – estética, Jesus seja louvado.

O presidente se mancou e voltou ao Alvorada, Michele dever ter-lhe dado uma dura como aquela que o então deputado deu no filho Eduardo quando este, em pleno julgamento de Dilma, estava nos EUA em visita a exposição de armas (ou em visita a Olavo de Carvalho, o que dá na mesma). Quem leva dura da mulher sabe como doi uma saudade, aquilo de dormir encolhido no sofá.

O segundo alerta veio agora. O presidente passa o Carnaval em fortaleza militar – onde mais? – no Rio. Michele fica em Brasília. Acompanham o presidente a filha, o filho Flávio e o deputado Hélio Negão, o amigo preto de Jair Bolsonaro. Isso lembra quando Fernando Collor deixou de usar aliança e a primeira-dama surgia com carinha de choro nas fotos. Collor era mau, muito mau.

Casamento tem dessas coisas, precisa casar para saber ou descasar para descobrir. Tem gente que não aprendeu com o Doutor Samuel Johnson, o homem que inventou o dicionário. Essa gente insiste em casar, casar e casar. O Doutor casou velho, enviuvou cedo e nunca mais casou. Dizia que o segundo casamento era a vitória da esperança sobre a experiência. Genial, o doutor.

Vinícius e Bolsonaro insistiram na esperança. O Doutor Renato Kanayama, sensei do Insulto, ensina que o casamento tem que ser um só, seja maravilhoso, seja péssimo. Casar, uma vez e sempre obedecer. É o único japonês que caminha dois passos atrás da mulher. O sensei abre parágrafo único: “dizem que o casamento é indissolúvel; bobagem, é que nem charada, insolúvel”.

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Uma ideia sobre “Experiência & esperança

  1. Reinaldo de Almeida Cesar

    O mestre Rogério Distefano está no primeiríssimo time dos talentosos escribas, ao lado de Elio Gaspari, Mário Sérgio Conti, Josias de Souza e Mino Carta. Várias vezes ao dia, visito o Insulto para ler seus textos lancinantes, repletos de cultura e fina ironia e, como ele bem sabe que assim os considero, plenamente escorreitos.

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