De JamurJr.
Quando Getúlio Vargas mandou reduzir o número de municípios no país, Guaratuba foi anexado a Paranaguá. Os serviços públicos foram suspensos, inclusive os da segurança publica. Os problemas policiais passaram a ser atendidos por um capitão PM que mensalmente se instalava numa sala próxima à igreja matriz para ouvir queixas, denúncias e reclamações da população. Num certo dia, no meio da audiência coletiva, apareceu um caboclo com uma menina que caminhava com olhos fixos no chão. Encabulada, ao lado do pais ficou na frente do capitão, tremendo dos pés a cabeça. O pai, então, falou.
– Seu Capitão, eu quero falar em particular porque que o caso é meio feio.
– Nada de particular aqui. Esta é uma pequena comunidade e precisamos saber o que as pessoas andam fazendo. Pode falar que não tem nada para esconder de ninguém.
-Pois, seu Capitão, um safado abusou de minha filha.
Capitão olhou aquela menina, magra, encabulada, como uma tremedeira que lembrava malária, e perguntou:
– O sujeito engravidou a menina?
– Não, não senhor. Ele abusou no lugar onde não engravida.
– Então você pegue sua filha e pode ir embora. Pra esse “lugar” que ele abusou ainda não tem lei.
*Publicado no livro ‘Memória Caiçara’