7:16A década achada

por Thea Tavares

A próxima sexta-feira (20) terá um gosto especial de aniversário. Marcará 10 anos (uma década!) desde a primeira vez em que o Zé abriu espaço aqui no blog dele para a publicação de textos, crônicas ou sei lá o quê que venham a classificar adiante os frutos dessa minha catarse, dessa fuga cheia de palavras e desses registros do cotidiano que de vez em quando faço e envio para ele. No início, nem tinha compromisso com a regularidade. Aliás, a primeira postagem mesmo, de pequenas opiniões só, foi no finalzinho de 2007. Outros textos com mais “sustança” de que me recordo e guardo com cuidado vieram apenas dois anos depois, em 2009. Quando o comprimento desses textos passa do razoável para leitura na plataforma virtual, o Zé já dispara a provocação: é candidata a reescrever a Bíblia, por acaso?

Disse ao figura – o qual nunca encontrei pessoalmente, pois só nos comunicamos ao longo desse tempo todo por e-mail, telefonemas e mensagens instantâneas -, que muitos relacionamentos tendem a durar menos que isso, então podemos comemorar a marca da nossa persistente e conveniente amizade. Claro que não foram todo o período de postagens ininterruptas. Lá de vez em quando, me empolgava mais e escrevia seguidamente. Por vezes, vinham ausências prolongadas. Mas ele foi deixando participar assim, desse jeito torto, e lá se vão 10 anos.

Eu sempre dizia que gostava de escrever ao mesmo tempo para desintoxicar dos ossos do ofício e para desopilar, tangenciando as turbulências da política e separando os cuidados da assessoria de imprensa, mas também só o fazia quando me encontrava desapegada o suficiente dessa frequência vibratória. Explico: o mesmo cotidiano que permitia criar as histórias com liberdade narrativa, mas com base em acontecimentos e situações bem reais, não poderia se confundir com ou se contaminar pelo dia a dia dos fatos da cena política e da realidade nua e crua que tanto nos cerca e nos sufoca. Queria que essas viagens fossem uma abstração e que viessem de uma comunicação direta com a essência da gente; fruto daquela tranquilidade que a gente transmite só quando consegue sossegadamente ouvir os próprios pensamentos. Sossego é algo que não combina com a atividade jornalística, então, essa promessa caiu no esquecimento.

Este ano, meu amigo blogueiro me desafiou a postar com regularidade. Já passam de 40 as histórias contadas por aqui. Para manter essa regularidade, nem sempre consigo isolar a tal da realidade e evitar as contaminações do ambiente político que respiramos, até porque a coisa anda de um jeito que fica impossível para a ficção competir com ela. Mas vamos levando. Ando com uma baita vontade de celebrar essa marca e essa amizade com uma publicação física. Compilar e selecionar as postagens mais significativas e colocar num livro. Já plantei árvore e já tive filho. Falta dar o próximo passo. Só terei a chance de materializar essa conquista por conta da oportunidade deste espaço. Sei disso e sou imensamente grata ao Zé por essa cota de participação na casa que ele construiu para ser seu lar. É aqui que residem sua estrada, suas origens, suas interações, seu olhar, seu profissionalismo, seus amigos, enfim, é o mundo dele.

Nos telejornais de antigamente e em muitos programas de rádio até hoje, os comunicadores pedem licença para entrar no lar das pessoas e é essa também uma forma de agradecer antecipadamente pela audiência. Vou abraçar esse projeto! Como uma forma de retribuir ao amigo real essa possibilidade virtual que ele me oferece de todas as semanas poder me expressar por aqui e, de alguma forma, fazer sentido para quem vier a ler estas mal traçadas linhas. Como diz o próprio blogueiro, “pode ser tudo, pode ser nada”. Sem esquecer, claro, de desejar preventivamente: “Saúde!”.

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