18:10ZÉ DA SILVA

Pedi um mote e me jogaram um monte. Escalei porque não recuso trabalho. Lá em cima tinha uma pedra. Certo, naquele filme o fulano que protagonizou deus disse que o importante era a caminhada até ali. Concordei, mas peguei a pedra e, na parte que beijava o chão, estava escrito: “Me chama no mato que eu vou; mas vou sem chama”. Olhei o outro lado do morro. Tinha um escorregador natural. Me lancei – e entrei na floresta negra. Alguma coisa aconteceu no meu coração. Se eu vejo uma árvore sinto toda a força que a quietude dela transmite. Uma floresta inteira é algo que só um rio como o Amazonas pode entender. A minha voz interna falou: “Cansei de ser gente, cansei; bicho serei”. Escondido estou há anos. Sozinho. Um dia ouvi tiros e o crepitar do mato. Fogo! Fiquei sossegado. O temporal apagou tudo. Menos eu, do meu mapa.

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