9:19Síndrome de Trump

por Rogério Distéfano, no blog O Insulto Diário

SERGIO MORO leva mais uma bolada nas costas, chute do extrema-direita Jair Bolsonaro: não é ao ministro da Justiça, a quem o diretor-geral da PF está subordinado; o diretor-geral da PF é subordinado ao presidente da República. Alma opaca, simples, primária, a desse presidente; cérebro idem. A frase explica sua inadequação para a carreira militar. O eventual general Bolsonaro invadiria o chuveiro dos sargentos para que o taifeiro esfregasse suas costas.

SERIA COMO o comandante-geral do Exército dizer, em Brasília, que o cabo instalado em Rondônia é seu subordinado direto, não imediatamente ao sargento e em escala ascendente sucessiva chegando ao comandante da Região em Rondônia, ao segmento do Exército correspondente e, no topo, ao comandante-geral. É assim que funcionam organizações hierárquicas verticalizadas. Uma sinapse a mais, se conseguisse, Bolsonaro dispensaria dos ministros ao ascensorista do Planalto.

BOLSONARO SABE que ministros, diretores, ascensoristas, etc, do Executivo são executores da política que o supremo mandatário, ou presidente, formulou ou os encarregou de formular. E por que diz uma tolice dessas, por que humilha o ministro? Diz a tolice porque não consegue passar sem dizer tolices. Humilha o ministro porque Sergio Moro é um recalque exposto de Jair Bolsonaro: ganhou votos decisivos pelo apoio do ministro e carrega o peso da dívida – e da cobrança muda de Moro.

NÃO SUBESTIMEMOS Jair Bolsonaro. A frase tem significação profunda, e reflete perigosamente nas instituições. No plano psicológico, revela a fissura na personalidade do presidente, sua insegurança e necessidade de afirmação; ele não internalizou que seu poder decorre da investidura, que não precisa afirmá-lo aos berros e grosserias. Bolsonaro não supera a neurose de que não recebeu os votos que merecia, que houve fraude em sua eleição. A afecção está identificada alhures como Síndrome de Trump.

O PERFIL psicológico e emocional de Jair Bolsonaro transporta-se para sua ação administrativa – curioso isso de ele bisbilhotar a ação administrativa de seu governo e omitir-se do que é fundamental e decisivo na função presidencial, a atividade política. Ele não faz a macropolítica das formulações e negociações com o Legislativo. Faz a pequena política do títere que externa o incontrolável viés autoritário dentro do Executivo, como que sinalizando a direção a ser tomada pelos outros poderes.

O PRESIDENTE não tem requinte psicológico e intelectual para conscientemente atuar nessa conformidade. Ele age por impulso e instinto. Pelo instinto tende a criar movimentos de apoio popular, em correia de transmissão direta com os que o elegeram (não com o povo, que para ele ‘povo’ são só seus eleitores; os demais são ‘inimigos’). Em suma, é o talhe autoritário de Jair Bolsonaro. Ao qual a maioria sorri sem atinar o risco, considerando-o autêntico, inocente, inofensivo.

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2 ideias sobre “Síndrome de Trump

  1. Engenheiro

    “Alma opaca, simples, primária … cérebro idem”. Meus parabéns ao blog por nos brindar com este brilhante, incisivo articulista!

  2. Franco

    Como sempre, esse senhor escreve com ódio… Mais um guerreirinho contra o fascismo imaginário de Bolsonaro…
    O cabo do Boqueirão é sim subordinado ao General cmt do Exército. Por favor… Pensando o que?
    Gente como esse tal escriba está jogando (provavelmente sem querer) o jogo da Grande Corrupção em desacreditar os que ousaram desafiá-la…
    PS: A revista Veja é controlada pelo BTG Pactual, o mesmo banco que hoje está sendo alvo de operação da PF na Lava Jato. Tiremos nossas conclusões…

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