6:21Quinhentos dias

por Gleise Hoffmann, Juliano Medeiros, Luciana Santos, João Paulo Rodrigues e Paulo Okamoto*

500 dias de injustiça

Supremo tem a chance de reparar abuso e infâmia contra Lula

ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) está preso desde o dia 7 de abril de 2018, condenado após farsa judicial liderada pelo ex-juiz Sergio Moro e pelos procuradores da Operação Lava Jato.

Os fatos são notórios, denunciados desde o início pelos advogados de defesa. Estão agora fartamente provados pelas mensagens publicadas pelo site The Intercept e outros veículos de comunicação. O processo, fabricado e dirigido à margem da lei, é o fruto podre de um conluio cujo objetivo principal era manipular as eleições presidenciais em favor de Jair Bolsonaro (PSL) ou qualquer candidatura de direita que se mostrasse viável, excluindo o ex-presidente da disputa.

As condenações contra Lula são aberrações jurídicas, estruturadas a partir de denúncias frívolas e delações negociadas com réus que alteraram depoimentos seguidas vezes, dobrando-se à pressão de procuradores e sequiosos por recuperar tanto sua liberdade quanto seu patrimônio.

Fora dos autos, Moro conduziu investigações que viria a julgar, agiu como parte da acusação e indicou testemunha contra o ex-presidente. Atropelou a Constituição, as leis e a ética da magistratura. Recompensado, tornou-se ministro do governo que ajudou a eleger, além de lhe ser prometida uma vaga futura na Suprema Corte.

As forças mais conservadoras, dentro e fora do país, associadas a monopólios da comunicação, impulsionaram e protegeram agentes do sistema de Justiça dispostos a violar os mandamentos constitucionais, manipulando instituições como arma de luta política.

O Tribunal Regional Federal da 4ª Região não se importou com uma condenação por “fatos indeterminados”, já que não havia vínculo algum de Lula com corrupção na Petrobras. O órgão revisor decidiu a toque de caixa, sem apreciar razões da defesa e provas da inocência. Os desembargadores anunciaram seus votos como se estivessem em um jogral.

Frente a um habeas corpus que poderia impedir tamanha arbitrariedade, 6 de 11 ministros do Supremo Tribunal Federal permitiram sua consumação, num episódio marcado por pressões indevidas, incluindo a manifestação ilegal do então comandante do Exército. A prisão de Lula foi decretada a jato. Sua última imagem em liberdade, cercado pela solidariedade do povo, é a mais viva denúncia da injustiça cometida.

Mesmo diante de clara recomendação da Comissão de Direitos Humanos das Nações Unidas, o Tribunal Superior Eleitoral impugnou o registro do ex-presidente, desprezando sua própria jurisprudência e consumando a manobra contra a soberania popular.

O país foi às urnas com a ordem democrática mutilada, abrindo espaços para a maior regressão política, social, econômica e de valores da nossa história. Hoje vemos erguer-se um estado policial, sobre os escombros da Constituição, com instituições fragilizadas e intimidadas.

A prisão injusta de Lula permitiu a ascensão de um governo comprometido com o autoritarismo, o desmonte da educação pública e da universidade, o arrocho de salários e direitos, a renúncia da soberania nacional, a destruição do meio ambiente, o ódio, o preconceito e variadas sandices antipatrióticas.

Desmascarada a Operação Lava Jato, o STF tem nas mãos nova chance de reparar esses 500 dias de abuso e infâmia. Amplos setores, de diferentes matizes político-ideológicas, já se levantam contra o abuso de poder e em defesa do Estado de Direito. Cabe julgar imediatamente, acatando o habeas corpus que pede a anulação do julgamento e a libertação do ex-presidente, fundamentado pela evidente suspeição do ex-juiz Sergio Moro.

Não haverá reconstrução institucional sem o cancelamento das sentenças contra Lula. O reconhecimento de sua inocência é o primeiro e indispensável passo nessa direção. Nenhuma democracia pode coexistir com julgamentos forjados e prisões políticas. Lula livre!

Gleise Hoffmann
Presidente nacional do PT

Juliano Medeiros
Presidente nacional do PSOL

Luciana Santos
Presidente nacional do PC do B

João Paulo Rodrigues
Dirigente do MST

Paulo Okamoto
Presidente do Instituto Lula

*Publicado na Folha de S.Paulo

 

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8 ideias sobre “Quinhentos dias

  1. José Carlos

    Pergunto
    Se é tão inocente da onde ssurgiram os 10 milhões do fundo de pensão?

  2. Ademar Luiz Vieira

    INJUSTIÇA ????????????????????????
    É ver a AMANTE e sua quadrilha ainda solta, isso sim é INJUSTIÇA.

  3. Wagner

    Realmente o mundo é injusto, só o Lula está preso falta o resto da quadrilha inclusive quem escreveu esse artigo.

  4. Tuca Bituca

    O Paulo Bernardo e Antonio Palocci e José Dirceu não assinaram o manifesto?
    Por que será que Jorge Samek não assinou também?
    Faltou o jurista Xixo?

  5. SERGIO SILVESTRE

    Assisti de novo Rei Leão e como a vida imita a arte,aquele bando de “hienas” que viviam num ambiente turvo voltam ao paraíso antes bem preservado pelo Rei de fato,é traído e morto ,ai voltam as “hienas” e fazem do paraíso uma desolação.
    Toda semelhança é mera coincidência né.

  6. João

    Os hackers estão provando nossa inocência. Ora ,o processo nao se llimita a primeira instância. Fatos robustos aliados a relações enriquecimento do clã Lula sao evidências que extirpam dúvidas, corroborado como garoto de relações institucionais da OD.

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