O ator Fábio Assunção vai interpretar o pai de uma usuária de crack na série “Onde Está meu Coração”. Mais uma vez a imprensa colabora para a desinformação a respeito da doença. Em entrevista ao jornal O Globo há a informação que o artista não usa cocaína há 5 anos. Não se fala sobre o álcool. Na coluna “Celebridades”, da Folha de S.Paulo, está escrito que ele não esconde seu passado como dependente químico. Certo. O mais correto seria dizer que ele é um dependente químico em recuperação, mas se continua bebendo, não está “limpo”, como se costuma dizer, porque a dependência independe da substância que se usa. A doença é incurável, mas controlável. O signatário, que faz parte do mesmo time de Assunção, costuma dizer nas palestras sobre o assunto que está em sobriedade há quase 25 anos e é dependente principalmente das drogas que não conheceu, como o próprio crack e o ecstasy, por exemplo, sem falar de heroína e as drogas sintéticas que estão se alastrando para destruir as pessoas. A substituição de uma droga por outra, para o dependente, é comum, mas o inferno continua o mesmo. Em 1990 o álcool saiu do cotidiano e foi substituído pela cocaína em forma de pó, aspirada, e injetada depois. Três internamentos o voluntariado em clínica durante todo o tempo de sobriedade ensinou e ensina bastante para a manutenção da recuperação e a certeza de que é, sim, possível. Mas, como ensina o AA, “só por hoje”. Ontem já foi e a gente não esquece, até para comparar. Amanhã, não sabemos. Mais: o uso de qualquer substância que atue no sistema nervoso central é consequência, não o contrário. Por isso, em internamentos, se trata da alma, do emocional, através de terapia, coisa que pouca gente sabe. E isso é para sempre.