11:47Boa ação não fica impune

por Rogério Distéfano, no blog O Insulto Diário

JAIR BOLSONARO está comendo Sergio Moro que nem mingau, pelas beiradas. Já começou a falar mal de Deltan Dallagnol, disse que o menino – ministro evangélico nas horas vagas – é de esquerda. Pode? Dallagnol de esquerda? Só naquela cabeça siderada. Dallagnol é reencarnação de Lutero com o sangue de Calvino.

Está prestes a nomear uma réplica de Joseph Göebbels para a Procuradoria Geral da República. Esse tipo será um procurador geral do tipo que foi o pai do ministro Ernesto Araújo: Henrique Fonseca de Araújo, procurador geral do governo Geisel, que garantiu a não extradição de Franz Wagner, criminoso nazista.

Moro sonhou reencarnar, como ministro, mais poderoso que na vida passada, a de juiz mais poderoso. Hoje está com as costas doloridas e roxas de tantas boladas que recebe, logo do técnico do clube. Há um mês disseram que doutora Rosângela Moro, que mora consigo, seria parceira da primeira-dama em projetos sociais.

Com a mesma rapidez com que veio, a coisa foi esquecida. (Aliás, o que esperar de quem esquece a avó estrebuchando em corredor de hospital de pobre?) Sinal do tempo, a doutora Rosângela não é mais entrevistada pela revista Cláudia nem convidada para fazer palestras inúteis para emergentes endinheiradas.

Quem já teve um chiclete grudado no sapato, entenderá quando se compara Sergio Moro ao chiclete que Jair Bolsonaro tenta arrancar esfregando o sapato na calçada. Na sua primariedade, Jair Bolsonaro fez algo sofisticado, esperto, hábil: usou Sergio Moro para se eleger. E começa a deixá-lo ao relento, entregue às feras.

Nos EUA usa-se a frase sugestiva: ‘Nenhuma boa ação fica impune’. Quer dizer que a gratidão não é garantia nem oferece segurança a quem ajuda outrém. Ao contrário, cria um processo psicológico e emocional de renegar o débito para expurgar o fantasma da gratidão. O ingrato repudia e esquece quem o beneficiou.

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