Do correspondente em Brasília

Em entrevista concedida à Rádio Gaúcha, de Porto Alegre, o ministro Gilmar Mendes, do Supremo Tribunal Federal, afirmou que os procuradores da Lava Jato montaram um esquema para faturar com palestras e que a atuação combinada entre eles e o ex-juiz Sergio Moro caracterizou uma “Orcrim” (organização criminosa). “Esse consórcio de promotores e juízes… eles constituíram uma verdadeira Orcrim. (…) eu não me surpreenderia se amanhã eles inventassem uma conta minha no exterior”, disse Mendes. “Quem é capaz de fazer o que eles estavam fazendo, naqueles diálogos, é capaz de falsear uma conta, de me atribuir um cartão de crédito… sabe-se lá o que se fez nessas delações…”, emendou, em tom claramente acusatório. Segundo o ministro, o projeto dos procuradores era “apropriar-se” do dinheiro recuperado da Petrobras (Deltan tentou criar um fundo com R$ 2,5 bilhões, mas o plano foi bloqueado). “Essa colaboração de promotor com juiz é extremamente grave”, afirmou o ministro. Já as palestras viraram “uma coisa muito lucrativa. Para todos”. “E de forma irregular.” Ainda de acordo com Gilmar Mendes, a situação é agravada porque os órgãos de correição da Justiça e do Ministério Público não estão funcionando. “Eles (procuradores da Lava Jato) já não têm mais condições de exercer as funções, eles já não têm mais condições, porque obviamente, se eles forem tomar qualquer ação, já estarão com a onda de suspeita, de suspicácia, já perderam a condição”, afirmou. O ministro foi ainda mais cáustico: “O triste é que se organize uma força tarefa para combater o crime e ela comece a praticar crime”. Ouça a entrevista completa do ministro:

https://www.youtube.com/watch?v=Tol7uxOaAsU