6:04A vida é feita dos momentos bons

por Thea Tavares

Há alguns anos, a Marlise Carling me contou que tinha lido um texto meu em sala de aula. Na época, ela cursava a graduação em Economia Doméstica pela Unioeste-PR, campus de Francisco Beltrão, e a leitura do texto aconteceu na aula de Extensão Rural. Quando a professora entregou o material de estudo, Marlise bateu o olho no nome da autora e disse: “eu conheço, é minha amiga”! Não só conhecia e somos amigas até hoje, como mal sabia que toda aquela informação vinha da vivência justamente com as organizações da agricultura familiar e pelo contato com as lideranças de jovens rurais, como era o caso da própria estudante. De certa forma, ela também figurava entre os personagens e integrava o cenário que motivou aquela dissertação. Seu mundo e sua realidade estavam no foco da reflexão de sua turma de faculdade.

Emoção dupla e surpresa boa para acadêmica e autora. O texto em questão, “Quando a comunicação fere e mutila”, foi publicado na 202ª edição do Observatório da Imprensa, em 11/12/2002, e abordava o preconceito contra quem vive no interior, mas muito especialmente a discriminação à população rural. A responsável por compartilhar e refletir sobre esse e um outro artigo meu, publicado dois anos mais tarde, que tratava da auto estima das mulheres agricultoras, foi a professora Chris Grabaski, de quem me aproximei mais tarde e a quem  admiro e nutro profunda gratidão pela dedicação e compromisso de educar.

Recentemente, encontrei a professora Chris em Francisco Beltrão e ela me veio com outra grata surpresa: disse que meu artigo está disponível no sistema da Unioeste como bibliografia complementar, no plano de ensino da disciplina de Extensão Rural e Urbana. Enviou até uma “print” da tela do computador que mostra a busca feita no sistema Academus, de gestão da instituição. E que a leitura sempre promove uma agradável reflexão, em especial junto aos estudantes de origem urbana. Como é bom saber disso! E me coloquei um pouco na condição do educador, que sabe, cuida e respeita o fato de que sua mensagem possa vir a contribuir na formação social e profissional de uma pessoa. Olha, que bela responsabilidade! Não precisa concordar, mas só de conhecer uma visão particular, pensar a respeito dela e tirar suas próprias conclusões, a pessoa já internaliza aquele conhecimento, reage e atribui um caráter universal à elaboração. É gratificante!

Mais gratificante foi encontrar no perfil do Facebook da Marlise uma postagem do mês passado em que ela comunica e comemora ter sido aprovada no exame da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB) e diz que logo abrirá seu próprio escritório. A vida é mesmo feita de conquistas e dos bons momentos. Para chegar até aqui, é claro que minha amiga superou um a um inúmeros obstáculos e venceu milhares de desafios. Nunca desistiu e nem abriu mão de seus projetos, enquanto trabalhava para garantir, ao lado do marido, o sustento da família e educava seus filhos para saberem também perseguir e defender seus sonhos, suas raízes… Para transformar a realidade. Aquela estudante da primeira faculdade que fez, há quase duas décadas, agora é doutora advogada.  Minha vez de gritar bem alto e orgulhosa: eu conheço, é minha amiga!

Links para complementar a leitura:

Quando a comunicação fere e mutila

PRECONCEITO CAMPESINO

http://observatoriodaimprensa.com.br/primeiras-edicoes/quando-a-comunicao-fere-e-mutila/

Diário de bordo de uma viagem com ‘foco na mulher’

Luz, Câmera… Emoção!

http://observatoriodaimprensa.com.br/caderno-da-cidadania/diario-de-bordo-de-uma-viagem-com-foco-na-mulher/

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