12:42Como os políticos agiram para enfraquecer Moro

Da Crusoé

Ele é o líder do governo Bolsonaro no Senado. E, nas últimas duas décadas, teve papel de destaque nos governos de Lula, Dilma e Temer. O senador Fernando Bezerra foi delatado por dois notórios agiotas de Recife. A delação fala na movimentação de milhões de reais para o financiamento de campanhas. Os delatores afirmam também que empreiteiras participaram do esquema. O fio começou a ser puxado com a queda do avião que matou o então candidato à Presidência Eduardo Campos, em 2014.

Confira um trecho da reportagem que cita os agiotas, identificados como Lyra e Ventola:

“Na época da denúncia, Lyra e Ventola negaram atuar em operações para as empreiteiras. No entanto, diante de provas irrefutáveis, optaram por um acordo de delação premiada no ano passado, em que confirmam ter atuado tanto para as empresas como para os dois políticos. Nos depoimentos, mostram detalhes de como eram levantados recursos financeiros para campanhas eleitorais. Os fatos narrados compreendem os anos de 2010 a 2014. Basicamente, são três situações descritas por Lyra e Ventola: empréstimos pagos por empreiteiras, remessas para o operador pessoal de Bezerra e retiradas de dinheiro em espécie em empresas de São Paulo.”

O trecho a seguir mostra como, segundo os delatores, o atual líder do governo recorria aos operadores para levantar dinheiro para campanha:

“Em 2014, quando foi candidato ao Senado, Bezerra voltou a bater na porta de Lyra e Ventola meses antes do início da campanha. O pedido era por um empréstimo de 1,7 milhão de reais que seria honrado pela mesma OAS por meio de contratos fictícios. A dupla arranjou o dinheiro. Aí se dá uma situação curiosa. Passadas algumas semanas, a empreiteira não só deixou de pagar essa dívida, como solicitou os serviços da dupla para que eles arrumassem recursos para bancar outra despesa de campanha de Bezerra, no valor de 600 mil reais. Os agiotas reclamaram, pois Bezerra estava contraindo mais uma dívida com eles sem pagar a anterior. Entretanto, para não perder a clientela, resolveram fazer o serviço. Os recursos foram entregues pela dupla ao publicitário André Gustavo Vieira, dono da Arcos Propaganda, que também já foi preso na Lava Jato (ele operava para o ex-presidente do Banco do Brasil Aldemir Bendine). Ocorre que até hoje nem o 1,7 milhão nem os 600 mil foram pagos aos agiotas.”

O relatório número 14.463 do próprio Coaf, órgão que fiscaliza operações financeiras consideradas suspeitas, dá o caminho.

“Muito embora os informes produzidos pelo órgão já tenham resultado em dores de cabeça para políticos de toda estirpe e coloração partidária, esse, em especial, deu início a uma investigação que resultou no acordo de colaboração premiada de dois operadores financeiros pernambucanos. Um dos citados é o atual líder do governo Jair Bolsonaro no Senado, Fernando Bezerra Coelho, do MDB. Justamente o relator da medida provisória cuja tramitação legislativa acabou por tirar o Coaf de Moro.

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