de Fernando Muniz
Manhã com o céu coberto, em Matinhos. Eu, minha esposa e mais dois casais passeamos pelas ruas, admirando o caos daquela terça-feira gorda.
Sandro nos liga, por vídeo. Só de sunga de Neanderthal e chinelos, abraçado a uma garrafa de vodka e a um amigo, luta para ser ouvido em meio à multidão. “Venham, venham!”
Já é final de tarde quando conseguimos chegar ao balneário. Dali a uma meia hora o encontramos, incapaz de articular uma frase, atravessando uma rua larga, movimentada, sem se preocupar com o fluxo dos carros. “Ei, Sandro!”
Ele se vira para onde estamos, porém não nos vê. Trôpego, tenta dançar uma marchinha bem na faixa central da pista. Tropeça e o amigo o ajuda; dão um beijo na boca, de língua, felizes em sua bebedeira. E somem, sem se preocupar com esposas, filhos ou contas a pagar.
Nós seis seguimos a multidão e seus árabes, índias e piratas. Eu, completamente nu, sinto um desgosto por aquela turba. Um orgulho besta, de quem foi ensinado a não perder a compostura e os bons modos. Mas evito olhar para as dançarinas.
Prestes a irmos embora avisto o Sandro, dobrando uma esquina, vindo até nós sem perceber. Faço que não o vejo, nem aviso os demais e viro as costas.
“Vamos embora daqui. Nada de novo neste lugar”. Bem nesse instante vejo duas garotas dançando, sem roupa.
E o meu pau sobe.