Sonia Nassar foi o exemplo mais perfeito a traduzir uma das máximas de Nelson Rodrigues – a de que não ser passional pelo seu time, mesmo com o compromisso da profissão de repórter esportivo, é ser idiota da objetividade. Era sua aura e, por isso, era respeitada por todos aqueles que militavam no futebol naqueles anos. Aprendi com ela e, que sorte!, de poder falar com orgulho em qualquer lugar que o Atlético Paranaense é minha paixão desde antes de eu ter descoberto isso aqui. A primeira repórter, a que mais vivenciou este esporte onde 22 atletas homens são as estrelas. Assim que desembarquei em Curitiba em 1978, como repórter da revista Placar, a conheci – e ela foi fundamental para me situar no panorama novo, eu vindo de São Paulo. Sabia tudo, do rame-rame das notícias que todos conheciam só por observação de treinos e conversas, aquelas, com jogadores e técnicos, ao essencial, que é a vida tecida pelos dramas nos bastidores. Ela era fonte para ouvir e, quando necessário, para informar. Mas sempre com o princípio fundamental do ser humano correto, evitando atrapalhar, estragar a carreira daqueles todos, pois sabia da dimensão que significavam os jogadores para quem interessa – a torcida. Sua presença em campo, seja em treino, ou principalmente em dia de jogo, era marcante: sempre bem maquiada, bem vestida, salto alto a desfilar pelos gramados sem nunca ser hostilizada – porque, mesmo para a multidão de desconhecidos, era uma querida. Como ela faz falta! Como foi triste sua partida tão jovem! E pouco antes da maior conquista do nosso Atlético Paranaense – o título brasileiro de 2001. Foi por isso que dediquei a ela (e ao eterno Caju), uma revista inteira que registrar para sempre, em forma de documento, o grande campeão do Brasil. Assim como o grande goleiro, a quem também tive a honra de conhecer, ela faz parte dos profissionais que reverencio, principalmente porque amavam o que faziam.