8:38Para 65%, Bolsonaro fará governo ótimo ou bom, mostra Datafolha

Da Folha de S.Paulo

Otimismo com novo presidente, que toma posse hoje, é menor do que o registrado quanto a Collor, Fernando Henrique, Lula e Dilma

O brasileiro está otimista em relação ao governo de JairBolsonaro (PSL), que tomará posse como 42º presidente da República nesta terça (1º), mas o índice registrado pelo Datafolha é o menor entre os eleitos para seu primeiro mandato desde 1989.

Segundo o instituto, 65% acham que o governo Bolsonaro, o terceiro militar eleito diretamente na história da República, será ótimo ou bom —percentual maior que seu índice de vitória no segundo turno (55% dos votos válidos). Para 17% dos entrevistados, ele será regular e, para 12%, o capitão reformado fará uma gestão ruim ou péssima. Não souberam opinar 6%.

O levantamento foi feito com 2.077 entrevistados em 130 cidades, em 18 e 19 de dezembro. A margem de erro é de dois pontos percentuais.

Em 1990, o primeiro presidente eleito após a redemocratização, Fernando Collor de Mello (PRN), assumiu com uma expectativa positiva de 71% dos entrevistados. Ele acabou sofrendo impeachmentsob acusação de corrupção dois anos depois.

Em sua primeira eleição, tiveram índices superiores aos de Bolsonaro Fernando Henrique Cardoso (PSDB, com 70% de otimismo), Luiz Inácio Lula da Silva (PT, 76%) e Dilma Rousseff (PT, 73%).

Coincidentemente, FHC e Dilma tiveram a sua expectativa positiva bastante rebaixada após venceram a segunda disputa pelo Planalto: 41% e 50% de otimismo, respectivamente, em 1998 e 2014. A pesquisa não foi realizada antes da segunda posse de Lula, em 2007.

Os dois vices que assumiram após o impedimento dos titulares no período, Itamar Franco (então sem partido) em 1992 e Michel Temer (MDB) em 2016, tiveram baixas expectativas do brasileiro.

O primeiro, que acabou com o governo bem avaliado, gerava esperança de uma boa gestão apenas em 18% dos ouvidos. O segundo, com alta reprovação ao fim de seu mandato, inspirava expectativa semelhante em 16%.

Por outro lado, os entrevistados acreditam majoritariamente que o governo Bolsonaro será melhor do que os dos antecessores. O número cai quão mais distante no tempo é o governo comparado.

Acham que ele será melhor do que Temer (76%), Dilma (73%), Lula (58%), FHC (56%) e Itamar (52%).
O índice só volta a subir na comparação com Collor (69%), indicativo da má imagem deixada pelo ex-presidente, apesar de ele ter saído do Planalto há 26 anos.

O otimismo em relação a Bolsonaro cai entre os mais escolarizados e mais ricos. Entre os entrevistados com curso superior e os que ganham mais de dez salários mínimos, 22% acham que ele fará um governo ruim ou péssimo. Previsivelmente, o maior otimismo é registrado entre os eleitores de Bolsonaro —88% apostam numa gestão ótima ou boa.

Entre aqueles que escolheram Fernando Haddad (PT) no segundo turno, o número cai para 35%, empatando na margem de erro com aqueles que esperam um governo ruim ou péssimo (31%).

Entre grupos que já foram alvo de comentários depreciativos por parte de Bolsonaro, o otimismo é menor do que o registrado no conjunto da população.

Homossexuais têm 47% de expectativa positiva, índice que vai a 59% entre pretos e indígenas. Mulheres são menos otimistas (61%) do que homens (69%).

A fé dos brasileiro no cumprimento das promessas por parte do novo presidente é relativa, em linha com as avaliações registradas por Dilma e Lula.

Acham que Bolsonaro cumprirá a maioria de suas promessas 27%, enquanto 62% creem que ele só o fará de forma parcial. Já 9% dizem que ele não cumprirá nenhuma promessa.

PARA BRASILEIRO, SAÚDE É PRIORIDADE, MAS FOCO SERÁ NA SEGURANÇA

O brasileiro afirma que a saúde deveria ser a prioridade do novo governo que assume a Presidência nesta terça-feira (1º), mas crê que o campo em que Jair Bolsonaro (PSL) se sairá melhor é o da segurança pública.

Saúde e segurança são também os principais problemas do Brasil, na opinião dos entrevistados.

Os dados foram aferidos pelo Datafolha em pesquisa realizada nos dias 18 e 19 de dezembro com 2.077 pessoas, em 130 cidades. A margem de erro é de dois pontos percentuais, para mais ou para menos.

Segundo o instituto, 40% dos ouvidos acham que a área que deveria ter prioridade é a saúde. Educação vem bem abaixo, com 18%, empatada tecnicamente com segurança, com 16%.

Temas econômicos receberam poucas menções (7% falam em desemprego, 2% em economia no geral). A corrupção, outro ponto central do discurso moralizante do presidente eleito, só é prioridade para 3%.

Já a segurança, foco da campanha bolsonarista, será a área mais bem-sucedida do novo governo para nada menos que 46% dos ouvidos. Saúde é a segunda colocada no ranking, com 9%, e educação será um sucesso para 7%.

Na comparação com a expectativa antes das primeiras posses de Luiz Inácio Lula da Silva (2003) e Dilma Rousseff (2011), fica clara a diferença em relações aos petistas —alvos prioritários de Bolsonaro na campanha eleitoral.

Na segurança, apenas 1% dos brasileiros acreditavam que esse seria o ponto de maior sucesso de Lula. O desemprego liderava com 27%, e um tema de então, o combate à fome e à miséria, vinha com 18% —hoje é zero.

Já sob Dilma 18% achavam que a saúde seria a melhor área, seguida de perto por educação (12%). Segurança, apenas 2% dos ouvidos.

No quesito expectativa negativa, há uma pulverização de temas. Educação (14%) e saúde (13%) são as áreas que se destacam como aquelas em que o brasileiro antevê um fracasso de Bolsonaro.

Isso também se reflete na lista dos principais problemas do país. Saúde foi citada espontaneamente por 22% dos entrevistados; segurança, por 18%.

Em seguida aparecem no ranking corrupção (16%), desemprego (13%), educação (10%), economia (4%). Os entrevistados foram instados a se manifestar levando em conta as áreas que são de responsabilidade do governo federal.

Entre faixa mais jovem da população, a corrupção foi o problema mais mencionado (24%). Na parcela mais pobre, o desemprego atinge 19% das menções, no mesmo patamar de segurança (18%) e saúde (23%).

A segurança mantém um número estável de menções em todas as faixas de renda familiar. A preocupação com o desemprego, por outro lado, tende a cair conforme aumenta a renda (8% no grupo que ganha mais de dez salários mínimos). Com a corrupção ocorre processo oposto: 12% das respostas nas faixas mais pobres, 21% nas mais ricas.

No segmento com mais escolaridade, a corrupção lidera a lista (20%). No de menor grau de instrução, a saúde é tida como o maior problema (24%).

Na comparação com a última pesquisa acerca do tema, oscilaram para baixo saúde (23% para 22%), segurança (20% para 18%), desemprego (14% para 13%) e educação (12% para 10%). A corrupção oscilou positivamente (de 14% para 16%).

As preocupações do brasileiro são um retrato do momento político e social do país. Em março de 2011, no início do governo Dilma, apenas 3% dos entrevistados citaram a corrupção como o principal problema do país.

Em 2015 e 2016, em meio a inúmeros escândalos envolvendo o PT, a corrupção alcançou seus maiores índices de menções nesta década. Chegou a 37% em março de 2016, dias após grandes manifestações de rua contra o governo que impulsionaram o processo de impeachment.

 

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