Do Analista dos Planaltos

No aniversário de 50 anos do Ato Institucional nº 5, a Rede Globo apresentou entrevista com o cientista politico Cesar Benjamim no programa  do Pedro Bial. Em determinado momento, quando fazia considerações sobre a história de vida do presidente eleito Jair Bolsonaro, ele disse que o “mito” não passaria numa entrevista de seleção de emprego, assim como também não passariam os presidentes anteriores.

Diante dessa afirmação, é curioso refletir em qual espécie de atividade profissional Bolsonaro reuniria condições para atuar.

Há 28 anos o futuro presidente da República iniciou sua vida parlamentar, eleito pelo Estado do Rio de janeiro. Por quase três décadas desempenhou sua atividade profissional na Câmara dos Deputados, em Brasília.

Foi eleito uma vez e reeleito por outras seis vezes.

Por todo esse período de tempo, Bolsonaro fez muito barulho, muito barulho mesmo.

Embora considerado pelos seus pares como uma espécie de ‘espalha roda’, a cada quatro anos sempre voltava para desfilar pelo salão verde e no plenário do Congresso Nacional.

Mesmo criticado por seus posicionamentos mais radicais, os repetia inúmeras vezes.

Mostrou, ao menos, ser bastante coerente. Defendeu teses humanamente indefensáveis como quando dizia aprovar práticas de tortura durante o governo militar.

Ninguém poderá dizer que ele não siga fielmente uma linha de pensamento, ou seja, aquela que acha ser correta.

Mas é  justamente aí que reside a preocupação dos mais atentos, pois mesmo participando do baixíssimo clero na parlamento, e recebendo pesadas críticas, manteve-se inamovível em suas posições.

Evidente que agora, quando adquire um poder que nem ele mesmo, em seus mais lindos sonhos, pensou ser possível adquirir, seguirá coerente e na mesma linha e toada.

Enganou-se o cientista político Cesar Benjamim em sua análise. Bolsonaro passou em sete entrevistas de emprego. Sete empregos de Deputado Federal.

Na sua entrevista, neste ano de 2018, mesmo esfaqueado no decorrer desse oitava eleição, ops, oitava entrevista, o “mito” foi aprovado por mais de 50 milhões de entrevistadores e com isso ganhou o emprego de Presidente da República do Brasil. Errou feio o Benjamim.