21:29A morte de Carlos Nasser

O advogado e jornalista Carlos Nasser morreu hoje. Durante 20 anos escreveu uma coluna na Gazeta do Povo. Antes da Copa do Mundo de 2014 lançou o livro “Jogadores Eternos”. Na ocasião foi entrevistado pela revista Imprensa. No começo deste ano seu nome apareceu como envolvido numa operação da Polícia Federal. Era assessor no governo de Beto Richa. Foi demitido. Segue o o ping-pong sobre o livro.

Em livro, Carlos Nasser conta a história do futebol em entrevistas com ex-craques

Christh Lopes* 07/07/2014 17:14

Em ano de Copa do Mundo, “Jogadores Eternos”, novo livro do jornalista Carlos Nasser, pretende contar a história do futebol por meio de entrevistas com craques reconhecidos mundialmente, como José Altafini (Mazzola), Valdir Pereira (Didi), Mário Jorge Lobo Zagallo, José Macia (Pepe), o argentino Alfredo Di Stéfano, e o inglês Bobby Charlton.

Crédito:Divulgação
Carlos Nasser conversou com diversos ex-jogadores para compor a obra
IMPRENSA – Como surgiu o interesse de contar a história do futebol através de entrevistas?
Carlos Nasser – Quem sugeriu foi meu fraternal amigo senador Álvaro Dias, que inclusive falou para o Pelé que eu escrevia bem e poderia fazer uma biografia séria. Como já havia várias biografias de Pelé, escolhi gigantes da bola e fui procurá-los para fazer entrevistas. Acabei dando a volta ao mundo para encontrá-los. Várias vezes pensei em desistir, só não o fiz por ser um fanático por futebol.
Eu queria mostrar o conteúdo dos craques eternos, a parte que não aparece; creio que consegui. Várias vezes troquei de entrevistados, porque não podia colocar muitos brasileiros, pois acabaria sendo um livro só nosso e com uma visão distorcida. Eu levava as entrevistas em um papel no idioma de cada entrevistado, o que facilitava a compreensão das perguntas para eles.
Crédito:Divulgação
Obra traz relatos inéditos de craques do futebol
As entrevistas foram realizadas durante sua passagem na Gazeta do Povo?
Sim. Eu escrevi uma coluna semanal no jornal Gazeta do Povo por mais de vinte anos. O tema era livre, política, futebol, economia. Assuntos diversos. De onde eu estivesse enviava o texto por fax, tinha que ser na sexta-feira para o fechamento de domingo. As minhas crônicas ao longo desses anos estão prontas para serem colocadas em um outro livro. O incrível é que não se perderam no tempo, os contextos continuam atuais.
Além de estar próximo aos grandes jogadores, você pôde acompanhar de perto a trajetória de grandes ícones da nossa área como João Saldanha, Armando Nogueira e Nelson Rodrigues, além de Millôr Fernandes. Se pudesse, como descrever tais craques? 
Cada um tinha seu estilo e sua maneira de encarar a vida e a profissão. Adolfo Millman, meu grande mestre do futebol, convivi com ele no Maracanã. O Armando Nogueira era um perfeccionista. Lia e relia sua coluna antes de mandar para o Jornal do Brasil, dessa forma fazia o jornal nacional; fora de série. Já o João Saldanha era um intuitivo e muito rápido em absorver as situações, tanto no rádio, na televisão e nos jornais em que trabalhou. Acompanhei de perto, até dentro do campo, vendo como ele treinava a seleção brasileira com total desembaraço. Já tinha sido assim no Botafogo, onde foi campeão carioca.
Nelson Rodrigues era o gênio da imprensa. Teatrólogo de nível mundial. Quanto ao futebol criou personagens maravilhosos e era o mais respeitado pelos colegas de jornal e televisão. Millôr, o gênio da raça, tradutor, teatrólogo, humorista e sábio perante a vida. Tradutor de Shakespeare em inglês, Molière em francês, Dante em italiano; é possível hoje achar alguém assim como ele? Não creio, imbatível. Convivendo com amigos deste porte era normal que eu aprendesse um pouco com cada um. Sempre ouvi mais do que falei. Agradeço a Deus pelos amigos que tive, foi um grande privilégio.
É possível mensurar qual foi o melhor entrevistado retratado na publicação? 
Não posso cometer injustiças com as pessoas que colaboraram comigo. Se fossem ruins, não entrariam no livro, simplesmente trocaria de entrevistados. A entrevista que gosto muito é a do Didi, talvez porque ele era Fluminense, assim como eu. Agora falando sério, Didi jogava muito e depois foi um grande técnico. Já li e reli inúmeras vezes o “Príncipe Etíope”, era assim que Nelson Rodrigues o chamava em crônicas ou pessoalmente. Sugiro que os jovens jornalistas leiam e releiam tudo o que ele conversou comigo. Sabia tudo de bola.
Quais foram as dificuldades superadas ao final da obra?
Encontrar um editor antes da Copa do Mundo. Os amigos me ajudaram como sempre e consegui. Ninguém faz nada na vida sozinho.
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