meu coração murchou e ficou como uma bola furada no canto de um estádio de periferia sob chuva fina e fria. às vezes estou tão inflado de vida, tão forte para enfrentar qualquer coisa, tão sensível para curtir momentos de paixão e êxtase… e no outro dia, assim, como se uma força invisível me espremesse para tirar a seiva da minha selva. fico triste, com o choro retido no dique dos olhos – e naquele imenso lago há uma vida que, nessas horas, aparece em capítulos carimbados com um “não há mais nada a fazer”. não me afogo porque passei anos e anos submergido na água escura e onde habitavam seres terríveis que me assombraram. agora, no máximo, enfio o rosto abaixo da lâmina da água e vejo alguma coisa – mas tenho a feliz capacidade de sair sob comando próprio para receber a luz. assim é.