9:15Sono

de Ticiana Vasconcelos Silva

O meu sono é maior do que a minha capacidade de compreender os mistérios
A intuição não me move nem me comove
Sou uma espada que corta o medo em partículas ínfimas
Recolho-as em meu santuário
E me decomponho em sonhos
(Busco a vida em suas composições)
E deixo-me levar pela matéria que mergulha em apneia
Quebrei meus elos para ir ao âmago daquelas escadarias
Que me levariam ao centro do amor
Fui renegada por simples suposição
Deixei minhas asas no chão
(no altar da dor)
Fui nítida, mas me viram com pudor
Descalça, me elevei aos céus
Mas por um medo do erro recolhi minhas mágoas
Sucumbi e sorri
Sofri a perda do olhar maternal
Mas me lembrei de quem sou afinal
Nada elementar
Nada que vai devagar
Sou o cuspe da gota do orvalho
E caminho como se tudo fosse verdade
Lealdade, cumplicidade, fidelidade
Que rebatem em minha veia e me fazem ser a ceia
Do Cristo, do mito, do elogio
Mas o grão de areia ainda se recompõe e permeia
(a vida)
O grito que dei escondida
A ferida que não cicatrizou

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