11:31Será que de alguma forma Lula não ganhou a eleição?

por Mario Rosa, no site Poder 360

Lula e Bolsonaro são parecidos. É isso mesmo: preparem as pedras

Ideologicamente, Jair Bolsonaro é o avesso do avesso do avesso de Lula. Mas repare bem: sindicalistas, tenentes e capitães moram muitas vezes nos mesmos bairros. Possuem rendas parecidas. Pertencem, cada um de uma forma, a corporações. Suas casas compartilham estéticas semelhantes. Seus vocabulários possuem um volume de palavras similar. Os hábitos alimentares e de consumo não são tão discrepantes.

Eles pertencem a um extrato social que mais os aproxima que os distância. E, por último, estão acostumados a conviver e dialogar com o brasileiro real, os peões de um lado, os grotões do outro. Sindicalistas e oficiais de média patente tem um convívio com o Brasil profundo e pertencem mais ou menos à mesma classe social.

Tá parecendo análise do IBGE, né? Então preparem as pedras! É isso mesmo: Lula e Bolsonaro são muito parecidos, embora sejam totalmente diferentes. Há um que de Lula nas tiradas desconcertantes e fora do script dos políticos tradicionais que Bolsonaro saca sabe-se lá de onde. Certamente é da mesma espontaneidade e fala coloquial de onde Lula recolhia suas pérolas.

A grande verdade é que, conteúdos à parte, Bolsonaro e Lula falam de um jeito peculiar, de uma forma que não parece calculada como os políticos profissionais. Falam as coisas pelo nome que o povo as chama. Do modo que ouviram nos lugares onde viveram e convieram e formaram sua “nuvem” de conceitos e a forma de expressá-los.

A única verdade absoluta desta eleição é que grande parte dos brasileiros queria ver alguém com o perfil de Lula como candidato. Lula, com seu estilo inconfundível e sua fala sem frescuras e seu português das salas de estar dos brasileiros, não pode ser uma opção. E uma parte do vazio de alguém que falasse com essa proximidade acabou sendo preenchida por seu antípoda em tudo, Bolsonaro. Cada um do seu jeito, Lula e Bolsonaro chamam as coisas pelo nome que o povo acha que elas são e não pelo que os punhos de renda dos políticos adestrados costumam chamar.

Lula está, assim, em sua vertente da retórica popular, representado – quem diria – pelo ex-capitão. E simbolicamente também está representado por seu ungido, Fernando Haddad. Lula está dos dois lados: no carisma, nos trejeitos que sua falta faz e que Bolsonaro ocupa e na herança ideológica e programática, que Haddad representa.

É Lula lá e Lula cá, de certa maneira. E o mais irreverente e surpreendente: talvez estejamos assistindo a mais uma final entre PT e PSDB, ao menos do ponto de vista da forma. Não discuto aqui ideias, conteúdos, ideologias. Apenas perfis.

Fernando Haddad – FH, como Fernando Henrique – é um intelectual, com raciocino lúcido, cristalino, organizado. Um digníssimo “uspiano”, um membro da fina flor da academia. Não se parece ele com um tucano clássico?

Poderia ser um coxinha de vanguarda, com sua aparência impecável e sua forma de falar que exala erudição (se houver algum movimento de combate ao preconceito contra os seres bem-apessoados, quero desde já pedir desculpa se ofendi alguém).

Já Bolsonaro está na “cota Lula”: fala coisas fora da caixinha, tem a retórica da mesa de bar, da mesa redonda dos boleiros, perde as estribeiras. O brasileiro se ouve em Bolsonaro, assim como era com Lula. Então, no segundo turno teremos Lula contra Lula: vamos ver qual Lula vai ganhar.

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3 ideias sobre “Será que de alguma forma Lula não ganhou a eleição?

  1. Zangado

    O brasileiro se ouviu no passado em Lula porque antes ouviu o papudo enganador FHC; agora se ouve em Bolsonaro porque cansou de ouvir as mentiras do corrupto Luladrão. Não sao simples palavras, é o fato inconteste. O povo cansou de ser roubado, enganado e ver sua pátria na lama.

  2. Birn Neto

    Não sei se com Bolsonaro a coisa vai melhorar. Mas precisamos experimentar diferente, algo na linha do que chamamos de DISRUPÇÃO. Vamos arriscar!!! Não adianta reformar, tentar apenas mellhorar, trocando porcaria por tranqueira, PSDB por PT… O risco é mínimo, vale a pena trocar o PT ladrão, corrupto, incompetente, irresponsável, um partido que através de pseudo políticas públicas sociais compra votos dos incautos e necessitados. Estamos fazendo uma troca aparentemente retrógrada, pois vamos eleger um conservador, muito direitista. Mas talvez seja a hora de tentar resgatar valores familiares, valores éticos… tentar diminuir a corrupção oriunda dos conchavos do Legislativo – municipal, estadual e federal. Vamos com Bolsonaro! E se não der certo, trocamos novamente!!!

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