15:44Turbilhão de memórias

de Ticiana Vasconcelos Silva

Ela olhou no olho do furacão e não se assustou. Veio um turbilhão de memórias. Infância, adolescência, juventude, retorno de saturno. Ficou. Quis se arrepender, mas ouviu os mestres. Seu pai. Tudo aprendizado. Passado, presente, futuro. Nada que a possa deter. É mais forte. Tem sorte. Mirou o norte e viu a rosa dos ventos. A rod(t)a da vida. Foi sem partida. É poeta. Concreta. Sem obstáculos. Um receptáculo da vida. Contida. E sem medidas. Paradoxo? Sem nexo? Quem ousará supor a sua dor? Só poetas para a compor. Cores, amores, rumores, dores. Tudo que a esparrama na lama e a faz nascer do caos. Mineral, vegetal, animal, e um salto quântico para o espiritual. Graças às ameaças de um mundo irracional. Foi ser o que disseram: um esmero da existência. E sem consistência se decompôs. Amor. Verdade. Desalento de um rebento em desalinho. Um ninho de intolerâncias. Redundâncias. Inconstâncias. Sonhos e pesadelos. Um texto sem fim. Mas a mim cabe somente olhar o seu mistério. Filha e irmã. Seu afã. E quem não quis ser fã, somente pergunte a Iansã. Quem é esta menina que domina a sina? Cura e medo. O seu segredo. Para os mortais. Nada mais.

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