6:24Como explicar ao futuro que deixamos o Museu Nacional virar cinza?

por Marcos Augusto Gonçalves

Não contive as lágrimas diante da imagem do Museu Nacional em chamas na tela da TV. Era a própria ideia latente de um Brasil iluminista e iluminado que ali se consumia sem que nada pudéssemos fazer.

Porque –tristeza e revolta– o que era para ter sido feito não foi.

A instituição, em que pese sua magnitude e importância, enfrentava restrições de recursos há anos num país em que autoridades se esbaldam em benesses pagas com o dinheiro público, mas não conseguem um trocado para cuidar do patrimônio histórico nacional. Um descaso criminoso com a cultura, a história, o passado –e também com o futuro.

Envergonho-me diante das novas gerações de brasileiros. Como explicar que deixamos virar cinza a mais antiga instituição museológica do pais, seu acervo enorme, de valor inestimável, e sua sede histórica –o palácio que foi residência da família real?

“Que tipo de gente era essa que cuidava deste país naquela época?”, um dia o futuro perguntará –se tivermos um que nos possa inquirir e, quem sabe, redimir.

A destruição do Museu Nacional, o Museu da Civilização Brasileira, como bem o classificou o arquiteto Washington Fajardo, assume uma dimensão simbólica funesta neste momento em que o Brasil parece esfarelar-se em nossas mãos.

Tempo de desintegração, tempo sombrio que nos deixa órfãos de um país sonhado.

*Publicado na Folha de S.Paulo

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2 ideias sobre “Como explicar ao futuro que deixamos o Museu Nacional virar cinza?

  1. A verdade está lá fora

    Duzentos anos depois descobriram que o Museu Nacional era de madeira, que tinham 200 anos e que queimava. O que fizeram os diretores nestes 200 anos??? Agora a culpa é só do governo??

  2. Jorge

    O problema maior não era a falta de recursos. Era de quem dirigia a instituição, reitoria da UFRJ : Do PSOL, PCB e PCdB

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