A respeito do texto abaixo do excepcional Ruy Castro, ele já escreveu, tempos atrás, que descobriu que o “poder superior” dele era a própria mente. Cada um, cada um. Este foi o momento em que, segundo os dependentes em recuperação, “caiu a ficha” do grande jornalista e escritor. A do meu irmão, o artista Ricardo Silva, aconteceu quando ele foi comprar um maço de cigarro e só tinha dinheiro para aquilo; na saída da padaria, olhou para a vitrine de doces e ali estava um que era seu preferido, mas ele não podia comprar. Daí em diante parou de fumar e também de beber. Está assim há quase 30 anos. O do signatário aconteceu numa sala de Alcoólicos Anônimos (A.A.), quando do internamento na clínica Quinta do Sol, quando ouvi com a alma o simples e absurdo “só por hoje”. Estou há 24 anos colocando esse mesmo mantra acima de tudo – para ficar longe das drogas, principalmente as que não conheço. Em tempo: a propósito da declaração da jornalista americana Janet Glaser, a que acusou o A.A. de se basear mais em religião do que em ciência, ela apenas esqueceu que milhões de pessoas conseguiram se recuperar, que cada um destes pode dizer “eu sou um milagre” convictamente e que o “poder superior” de cada pode ser qualquer coisa, da natureza a uma simples palavra, desde que abra o caminho para a recuperação que leva o dependente a retomar o controle sobre a própria vida.
Em 77, participei de uma das primeiras reuniões do A.A., lá em SanzabeldoIvai. Disseram que gostaram da minha palestra. Não souberam que sai da reunião, no salão paroquial, direto pro bar do “sêo” Aurelino.
Bem, o que realmente importa, mesmo continuando a frequentar botecos, aqui e lá, é que desde 27 de julho de 2007. Nem um pingo de vontade de pinga.