11:26Fronteira fechada para as cinzas de um exilado político

Da coluna Diário do Poder, de Claudio Humberto

Ditadura boliviana proíbe volta das cinzas de exilado

Um ano após sua morte em acidente com ultraleve em Brasília, em 16 de agosto de 2017, o ex-senador de oposição Roger Pinto Molina ainda está sob perseguição do ditador boliviano Evo Morales, que impede seus familiares de retornarem à Bolívia até para depositar as cinzas no mausoléu da família em Cobija. É a capital do Departamento de Pando, na fronteira com o Brasil, no Acre, onde Molina foi governador. A família de Molina continua no desterro, no Acre, apesar do ente querido morto, à espera de autorização para atravessar a fronteira. Molina se refugiou na embaixada do Brasil em La Paz, onde ficou 454 dias até fugir com ajuda do diplomata brasileiro Eduardo Saboia. Evo Morales promove perseguição cruel à família porque tem medo da herança política de Roger Molina.

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Uma ideia sobre “Fronteira fechada para as cinzas de um exilado político

  1. bom

    Paulo Briguet, escreveu há anos atrás:

    DA CORAGEM

    “A coragem significa um forte desejo de viver, sob a forma de disposição para morrer.” (Chesterton)
    Não gosto de usar a palavra “desertor” para designar as pessoas que fogem dos regimes comunistas. “Desertor” tem um sentido de covardia, e abandonar uma ditadura, pelo contrário, é um ato de coragem. Nos últimos 54 anos, milhares de cubanos – ninguém sabe quantos ao certo, mas são milhares – morreram no mar tentando fugir da ilha-cárcere. Eles tentavam ser refugiados; eram desertores apenas na opinião de seus algozes. Muitos militantes de esquerda brasileiros acreditam, ainda hoje, que os balseros tiveram destino merecido. Eu diria que os afogados de Cuba são mártires da liberdade.
    O ser humano às vezes tem uma só oportunidade na vida para demonstrar verdadeira coragem. Lorde Jim, o personagem de Joseph Conrad, comete um ato quase involuntário de covardia e passa o resto da vida lamentando-se de seu fiasco, tentando superá-lo. O coronel Camisão, na famosa Retirada da Laguna, tentou redimir-se de um episódio anterior em que fora considerado “fujão”. Euclides da Cunha, ardoroso republicano, ofendeu o marechal Floriano Peixoto ao recusar uma benesse oferecida pelo ditador; depois, denunciou o massacre de Canudos, cometido por tropas da República; morreu baleado pelo amante da esposa. Nunca foi covarde.
    Chegou o tempo em que nós, brasileiros, submetidos ao governo do Foro de São Paulo, teremos inúmeras chances para provar nossa coragem ou covardia. Vamos criticar ou esconder as tentativas de legalização do aborto? Vamos repudiar ou adular os narcotraficantes e seus defensores? Vamos acolher ou trair os médicos cubanos que quiserem deixar a ditadura dos irmãos Castro? Vamos aceitar ou impedir que outros doutores cubanos se transformem em inspetores de quarteirão ideológicos?
    O diplomata Eduardo Saboia teve a sua chance de demonstrar coragem – e o fez, salvando a vida do senador boliviano. Todos nós, em breve, enfrentaremos situações parecidas. Vaiar os médicos cubanos – como os esquerdistas vaiaram Yoani Sánchez – é uma tolice que beira a estupidez. A verdadeira prova de coragem está em não aplaudir os ditadores e não aceitar a escravidão, venha ela de onde vier.

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