16:19Papai vale nada

O jornalista Juca Kfouri revela em sua coluna de hoje (leia abaixo) o que Neymar pai falou para repórter Camila Mattoso, da Folha de São Paulo, quando ela tentou ouvi-lo, por telefone, sobre a informação, dada por três fontes, de que teria feito uma festa no hotel onde estava concentrada a seleção brasileira e ele era o único familiar de jogador que teve permissão para ali se hospedar. As respostas:

– Cidadã. Não te dei meu telefone, não conheço você, não sei quem é você. Você não tem o direito de ligar para mim. Agora, você está me abordando com uma pergunta dessas? Eu não fiz festa nenhuma, deu para você entender? Quero saber quem é o mentiroso e se você quer vender jornal? 

 

– A festa que eu fiz foi com a sua mãe.

– Eu estava com a sua mãe lá. Eu fiz a festa com a sua mãe.

– Estou te respondendo, estava a sua mãe, seu pai, quem você quiser.

Quem ainda tem esperança de que o filho se comporte com um mínimo de decência fora dos gramados, e com menos soberba e espalhafato dentro dos campos, pode tirar o cavalinho da chuva.

Comportamento de pai de Neymar dá a medida de quem ele é

Empresário discutiu com repórter da Folha que tentava entrevistá-lo

O fato: Neymar pai era o único familiar de jogador hospedado no mesmo hotel da seleção brasileira em Sochi, o Swissôtel, durante a Copa do Mundo.

Três fontes diferentes afirmaram à repórter Camila Mattoso, da Folha, que familiares dos jogadores da equipe de Tite se queixaram ao coordenador técnico da CBF (Confederação Brasileira de Futebol), Edu Gaspar, de que, no hotel da seleção, o pai do camisa 10 da equipe teria feito uma festa depois do jogo contra a Suíça.

O que fez ela, responsável que é?

Partiu para apurar a veracidade do que lhe contaram.

Ao apurar, ouviu mais.

Ouviu que Neymar pai, irritado com reclamação de Gaspar, o ameaçou, ao recomendar que ele ganhasse a Copa do Mundo porque em caso contrário seria substituído por Alexandre Mattos, diretor de futebol do Palmeiras e amigo do genitor da maior estrela do futebol nacional.

A repórter falou com Gaspar que desmentiu ter recebido a ameaça.

Faltava perguntar ao principal protagonista.

Ela perguntou se ele tinha dado alguma festa e, diante de sua irritação com a pergunta, gravou a parte final da conversa  —e o avisou que estava gravando: “Cidadã. Não te dei meu telefone, não conheço você, não sei quem é você. Você não tem o direito de ligar para mim. Agora, você está me abordando com uma pergunta dessas? Eu não fiz festa nenhuma, deu para você entender? Quero saber quem é o mentiroso e se você quer vender jornal?” disse Neymar pai.

“A festa que eu fiz foi com a sua mãe”, gritou, ofendendo a repórter que, calmamente, seguiu perguntando se ele confirmava a suposta festa e lhe dizia que bastava ele dizer sim ou não.

“Eu estava com a sua mãe lá. Eu fiz a festa com a sua mãe”, seguiu aos gritos Neymar pai.

“Estou te respondendo, estava a sua mãe, seu pai, quem você quiser”, continuou.

Impossível afirmar que houve a festa, apesar da reação desproporcional, pois bastaria negar numa conversa civilizada, embora exista quem tenha visto um grupo de mulheres indo para sua suíte.

O que fica muito claro é como se comporta o mentor do principal jogador do país.

E como não faz o menor sentido é que a CBF lhe dê privilégios.

Fazer festas é direito dele, vender o filho para o Barcelona dias antes da final do Mundial de Clubes também, apesar de condenável.

Comportar-se como agiu com a repórter dá a medida de quem ele é.

Ainda mais porque ela só queria ouvir o outro lado.

Como é direito do outro lado e se exige no jornalismo.

Juca Kfouri
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