15:56Triste!

por Nelson Martins

Que triste. A grande maioria dos brasileiros está tão acostumada com os privilégios de um ou de outro que já acha tudo muito natural. É claro que os caminhoneiros estavam em dificuldades e fizeram o que fizeram para resolver o problema da categoria. Faz parte do jogo.
O grande apoio da população à manifestação, decorrente da sensibilização alcançada, também faz parte.
Mas esperar que um movimento que apresentou uma pauta exclusivamente voltada para as suas necessidades possa trazer benefícios para toda a população já é demais.
Apoiar simplesmente por que “algo precisa ser feito” revela um intenso grau de ingenuidade ou de desespero. “Apoiar sejam quais forem as consequências” já vem dos extremamente distraídos ou completamente desinformados e que, por isso, não conseguem somar dois e dois.
Voltando aos privilégios, todo esse pessoal do “apoio”, avaliza a criação de mais uma categoria de privilegiados. É só ver os benefícios que alcançam até as grandes empresas transportadoras. Privilegiado,nesse contexto, é aquele que obtém benefício do setor público com o custo bancado por todo o conjunto da sociedade. Auxílios-moradia e aposentadoria integral no setor público são bons exemplos. Agora, toda a sociedade terá que pagar pela diferença entre o preço do diesel que sai da refinaria e o preço pago na bomba. Até o final do ano serão R$ 10 bilhões que sairão de algum lugar.
Depois de milhões de animais mortos, de toneladas de produtos estragados ou descartados e uma lista infindável de atrasos e prejuízos igualmente distribuídos por toda a população, parece que (daqui a uns dias) voltaremos ao normal das nossas vidas. A partir de amanhã estaremos liberados para reclamar da gasolina mais cara, dos alimentos mais caros, do desemprego (que deverá aumentar), do menor crescimento da economia (já previsto depois da paralisação), etc.
É claro que precisamos resolver nossos problemas. Mas por que a enorme massa de apoiadores não parou para perguntar se seria esse o melhor caminho para todos? É triste.

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