16:44Que tal Dilma candidata, companheiros?

por Marcelo Coelho

Depois do pragmatismo, lulistas entram em fase de radicalização e de confronto 

Compreende-se a revolta das áreas petistas após a condenação de Lula –e o ideal seria que os advogados dessem um jeito de garantir, pelo menos, sua candidatura neste ano.

Parte do PT e de suas adjacências parece apostar, enquanto isso, numa tática de confronto. Minha impressão é que tudo se resume a uma bravata –mas a psicologia da coisa, e suas consequências, merecem algum comentário.

Minha impressão é que, quanto mais se radicalizam, petistas e simpatizantes ficam isolados.

Começam a esboçar movimentos para se afastar do campo democrático –justamente quando Bolsonaro e companhia pedem coordenação de esforços.

A revolta, o confronto e a violência resultam de uma sensação generalizada nesse campo: a de que o jogo democrático está perdido. Lembra a criança que, depois de algumas derrotas, faz cara feia e diz “não brinco mais”.

Voltando um pouco atrás, o movimento mental e político do PT se deu em quatro tempos. Primeiro, havia o sonho, a utopia, a ideia de uma “nova maneira de fazer política”, a confiança nas bases e na democracia interna, a incansável denúncia da corrupção alheia.

Num segundo momento, decidiu-se que era preciso ganhar a Presidência, aliar-se com quem fosse possível, ignorar as resistências da base partidária. Marco desse processo ocorreu em 1997, quando José Dirceu impôs o nome de Anthony Garotinho ao diretório estadual do Rio, que queria Vladimir Palmeira como candidato a governador.

O “pragmatismo político” se revelou vitorioso em 2002, e é como se o lulismo tivesse entrado num longo estado de embriaguez com a “realidade”. Os petistas brincavam que o PSOL, mais principista, estava “no mundo da PLUA”. Sentiam-se adultos e fortes, como todo mundo que alcança posições de poder.

A realidade, naturalmente, é suja –e eles mergulharam até o pescoço dentro dela. Até os olhos, para dizer melhor.

Pois o extremo do realismo vem junto com uma incapacidade de enxergar o real. O realismo exige caixa 2, corrupção, vinho francês com Duda Mendonça e tapinhas na barriga de Leo Pinheiro. Mas você faz de conta que isso não existe.

O PT, ou melhor, os petistas (pois a liderança sabia bem o que estava fazendo) entram em negação dos fatos, sustentando a sério que Lula era apenas um “comprador potencial” do apartamento que Leo Pinheiro mandou reformar para ele.

E Dilma Rousseff, que tentara um ajuste ortodoxo com Joaquim Levy, foi tirada do poder “porque estava do lado do trabalhador e contra as reformas liberais”. Negada a realidade, é natural que se passe à radicalização. Esquecem-se as correlações de força, as chances de vitória, os próprios motivos da luta.

Intelectuais decretam solenemente que a via da conciliação é impossível para a esquerda. Deveriam, sim, dizer que sem futuro para a esquerda é entregar-se à corrupção.

Defende-se com unhas e dentes não uma utopia, mas um tríplex no Guarujá.

Com a prática da centralização decisória, com o abandono da autonomia das bases partidárias, com o descaso frente à tarefa da organização local, duas consequências não poderiam deixar de acontecer.

A primeira é que se fortalece o segredo de cúpula contra o exame público das opções tomadas. O inconfessável vence a transparência, a mitologia esmaga a verdade. É a clássica história dos antigos partidos de esquerda, que o PT, inicialmente, pensava superar.

A segunda é que o partido passa a depender da figura de seu único líder, infalível e inimputável.

Fui contra o impeachment de Dilma Rousseff, porque ela tinha pouca culpa, e considero correta a condenação de Lula, porque ele tem bastante.

Continuo a me considerar de esquerda, e não acho que para isso seja necessário esquecer as irresponsabilidades, erros, traições e malandragens que a cúpula do PT cometeu, não por moderação, mas por autoritarismo, conforto, interesse e arrogância.

Ah, o PT foi “injustiçado”? Então vamos seguir o raciocínio. Sobra uma liderança com experiência, honestidade e firmeza de princípios para candidatar-se. “Contra a vontade popular”, tiraram-na do poder. É Dilma Rousseff. Podia ser candidata, não? O que acham, companheiros?

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2 ideias sobre “Que tal Dilma candidata, companheiros?

  1. Sergio Silvestre

    Acho que ela foi apeada do poder por que foi no seu governo que começou aparecer todos os mal feitos de 500 anos,mas alguem precisava fazer a faxina e ela junto com a Graça Foster na Petrobras começou a derrubar os Ladrões. a Dilma já começou com o Temer sendo escanteado e a Graça com o Paulo Roberto Costa,assim o liame sendo desatado começou também a mafia entrar em AÇÃO.
    O que veio a seguir foi nada mais que queimar o arquivo e erradicar a honradez do governo colocando lá um ladrão.

  2. Jose

    O ladrão no caso é o “melhor vice do mundo”, no qual imbecis cooptados pela madre tereza do Guarujá acreditaram.
    Elegeram um poste inútil e seu vice, que por absoluta incapacidade da presidente virou o atual presidente.
    Dilma foi um desastre, mas a culpa é sempre da “mídia”, “dazelite”, dos empreiteiros, banqueiros…
    Assumir a m… que fizeram nunca vai acontecer porquê em primeiro lugar vem a hipocrisia, seguida de perto pela ignorância e coroada pela cegueira…
    E a maior prova da hipocrisia está no fato de que ela sequer é cogitada para voltar.
    Não adianta espernear silvestre, só explique porque nem você votaria nela.

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