6:39A água vai rolar

Por Ivan Schmidt 

Enfim mais um pré-candidato ao governo do Paraná, o senador Roberto Requião, anuncia a pretensão de disputar o cargo após decisão acertada e divulgada na página oficial do partido nas redes sociais.

O nome do senador será apresentado à convenção estadual do MDB, que ainda não tem data marcada, embora a maioria dos observadores suponha desde já a realização de uma convenção esvaziada e completamente dominada pelo ex-governador que por força do autoritarismo e da visão estrábica da conjuntura política, acabou reduzindo para quatro o número de deputados na Assembleia Legislativa.

O esvaziamento da bancada emedebista na Alep e, a rigor, do próprio partido no Paraná – há pouquíssimas personalidades de relevo na vida partidária ainda ligadas ao MDB – é um dos processos mais danosos e corrosivos da crônica recente, anunciando-se de cambulhada também o provável desligamento do ex-governador Orlando Pessuti, que como fizeram tantos outros deverá sair a procura de nova legenda para prosseguir na vida pública.

Com a decisão de Roberto Requião, certamente convencido pelos fatos das dificuldades que teria para conquistar mais um mandato de senador (duas vagas estarão em jogo na eleição de outubro), num quadro que deverá se repetir literalmente na eleição para governador do Estado, que não será fácil para nenhum dos contendores, quatro são os pré-candidatos dedicados a arregimentar as forças necessárias para enfrentar com a possibilidade de vitória uma eleição a ser disputada voto a voto.

A vice-governadora Cida Borghetti, o deputado estadual Ratinho Junior, o ex-senador Osmar Dias e agora o senador Roberto Requião são os principais nomes num páreo ainda duvidoso, em função das marchas e contramarchas inerentes ao debate político partidário e de decisões pessoais ainda encobertas pelo véu do silêncio.

Nesse particular, é alvo das atenções gerais o posicionamento do governador Beto Richa quanto a seu futuro imediato na política, ele que despontou como um dos quadros de maior relevo na atualidade conturbada do PSDB nacional e que teve o desassombro de apostar suas fichas na candidatura presidencial do governador Geraldo Alckmin.

Não é mais segredo para ninguém a alternativa cada vez mais veraz da permanência de Beto no Palácio Iguaçu, a essa altura compreendida como uma jogada estratégica de elevado valor com a finalidade de garantir no Paraná e até em outros Estados um volumoso caudal de votos para o governador paulista.

No terreno da mera especulação, opinam as raposas políticas que a permanência de Beto no cargo, e ele mesmo garantiu estar vivendo o momento mais feliz no governo, que lhe abriria as portas do Senado da República e ao mesmo tempo tiraria de suas costas o pesado encargo e a ambiguidade a ser cobrada por muita gente sobre a revelação pública do apoio pessoal a esse ou aquele candidato à sucessão, especificamente Cida Borghetti e Ratinho Junior, na verdade os nomes mais suscetíveis pelo fato de terem sido auxiliares diretos durante os dois mandatos.

Permanecendo no cargo, pelo menos o governador poderia invocar o argumento perfeitamente lógico de agir como magistrado na eleição estadual, mesmo contrariando toda a pressão até agora exercida pelo midiático ministro Ricardo Barros e sua mulher na ratificação célere do apoio inestimável de Beto.

Como se percebe, há muita água para rolar debaixo da ponte.

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