11:14Osmar Serraglio recebeu propina, acusa delator

Do blog de Josias de Souza

Apontado na Operação Carne Fraca como ”líder da organização criminosa” que agia no setor de fiscalização agropecuária, Daniel Gonçalves Filho, ex-superintendente do Ministério da Agricultura no Paraná, acusou o deputado e ex-ministro da Justiça Osmar Serraglio (PMDB-PR) de receber propinas. O ex-fiscal celebrou um acordo de colaboração judicial. Sua delação já foi homologada pelo ministro Dias Toffoli, do Supremo Tribunal Federal.

Em depoimento formal, Daniel Gonçalves Filho declarou que vários dos repasses ilegais que benefiaram Serraglio foram feitos em dinheiro vivo, informou notícia veiculada na noite desta terça-feira no site de O Globo. A maioria dos pagamentos somava cerca de R$ 10 mil. O delator afirmou que o deputado foi um dos responsáveis por sua nomeação para o comando da superintendência do Ministério da Agricultura no Paraná.

Daniel Gonçalves acusou outros políticos do PMDB paranaense de embolsarem dinheiro de má origem. Entres eles o deputado Sergio Souza. Na versão do delator, o esquema de corrupção que operava no setor responsável por fiscalizar frigoríficos engordava um caixa clandestino do PMDB.

Osmar Serraglio e Sergio Souza voltaram a negar que tenham recebido verbas por baixo da mesa. Sustentam que o delator, preso desde março de 2017, mente. A voz de Serraglio soou num dos grampos da Carne Fraca chamando o agora delator de “grande chefe”. Quando o áudio ganhou as manchetes, há nove meses, o deputado era ministro da Justiça do governo de Michel Temer.

Nessa época, em conversa com o blog, a senadora Kátia Abreu (sem partido-TO), última ministra da Agricultura do governo Dilma Rousseff, relatou uma visita que recebera de Osmar Serraglio e Sergio Souza em 2016, antes do impeachment da presidente petista. Conforme noticiado aqui, os deputados foram à pasta da Agricultura para defender a permanência de Daniel Gonçalves, o “grande chefe”, no comando da superintendência paranaense. O servidor era alvo de investigação interna.

Noutra notícia veiculada aqui no blog, foram ao ventilador áudios gravados em 2013. Neles, Daniel Gonçalves, agora um colaborador da Justiça, revelou a “pressão” que sofreu de Serraglio para favorecer um grupo empresarial da cidade paranaense de Umuarama, reduto eleitoral do deputado. Numa das gravações, o próprio Serraglio confirmou a interferência. Anexadas a um inquérito aberto em 2015 pela Polícia Federal em Curitiba, as gravações reforçam os vínculos políticos do delator com o deputado.

O pedaço do processo da Carne Fraca que envolve os parlamentares corre no Supremo porque os alvos dispõem do chamado foro privilegiado. A investigação da Polícia Federal prossegue, sob a supervisão da Procuradoria-Geral da República. Projetado nacionalmente em 2005, quando atuou como relator da CPI dos Correios, que decodificou o DNA do mensalão, Serraglio faz sua estreia no papel de investigado.

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