19:16ZÉ DA SILVA

Perdido na praça, procuro. O sol do meio-dia esquenta as cores, os odores, o som das falas. Alguém engraxa os sapatos e conta uma desilusão a quem capricha no brilho. Um livro de Stephen King toma conta de uma vitrine de um sebo. Um garfo cai no piso do bar centenário. Um copo é lavado. Na loja tradicional de vestiário masculino, um senhor se encanta com os suspensórios de estampa discreta. Alguém oferece a propaganda de um restaurante quilo. Parece que são centenas de pratos. Não sei mais. Fico olhando para ver se acho o que não sei. Um apartamento em prédio antigo está para vender. A longa escada que levava à pizzaria agora está interditada e uma corrente vermelha parece eletrificada. Cadê? Onde está? No chafariz a água cristalina e as estátuas lembram a Grécia. Também não sei o motivo. Uma senhora queima a língua com o pastel de palmito na barraca de lona branca. Um gole de Coca-Cola para aliviar. Como cheguei aqui. Instinto? De sobrevivência? É isso. Melhor não achar o que procuro – e não sei. Porque sempre foi assim desde os antepassados.

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Uma ideia sobre “ZÉ DA SILVA

  1. Sergio Silvestre

    As vezes do alto dos balancins eu ficava observando a rua movimentada e vendo os trejeitos,tikes e costumes do povão,somos uns animais diferentes mesmo,cada um com sua mania,cada um com seu jeito estranho de viver.Qualquer hora vou fazer um andaime numa arvore na beira de um carreiro de bichos para ver suas manias,

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