Crônica de uma jovem senhora
Fiz 29 anos dia 05 de outubro. Sou mulher e, como regra, não me respeitam. Nossa sociedade é machista.
Muitos tentam me compreender, muitos vivem a falar e a escrever, fazem até tese e se autoproclamam “autoridades”, mas não chegam nunca a uma conclusão objetiva sobre minha pessoa.
Vivo em farrapos, digo, em retalhos, minhas roupas são velhas como aquelas teorias que a todo momento tentam ressuscitar dos alfarrábios empoeirados das livrarias esquecidas das cidades.
Sofri vários abusos desde a minha tenra idade. Minha história é triste, sim, não tenho medo de dizer. Fui abusada em minha infância e até agora não descobriram meus algozes. Volta e meia tentam me abusar de novo. Já comuniquei meus advogados – e até agora nada.
Tentam me mudar de todo jeito, mas não posso perder minha natureza. Nasci para ajudar aos pobres, quero construir um futuro para minha família e para a nação brasileira, ter direito a uma moradia e um salário dignos. Mas sofro muito, pois todos só querer me enganar.
Quero ter direito a ter direitos, e antes que você pense o contrário, sei que tenho deveres.
Nossa sociedade é a do engano, o Brasil precisa reinventar o Brasil, precisam algum dia me respeitar, não apenas dizer que sou importante.
Os que deveriam me respeitar inventam benefícios próprios e eu, coitada, sempre danço junto com o povo.
Obrigado pelas homenagens, fico grata àqueles que lembraram do meu aniversário, mesmos aos meus algozes. Querem saber? Pois sou a mais longeva das minhas irmãs.
Abraço a todos que estudam meu corpo e não desdenham da minha força interior.
(ass.) Constituição de 1988.
Maravilha de Texto,respeitemos essa jovem senhora que veio para proteger nossos filhos apesar das intempéries. Parabéns viva a Carta magna!!