9:38Pensando bem…

Rogério Distéfano

Prezada leitora, respeitável leitor, convido-os a uma reflexão, aliás, convido-os a estender um pouco a reflexão que fazemos o tempo todo neste Brasil: o que acontece de nossos políticos serem tendencialmente corruptos. Por favor, prestem atenção ao ‘tendencialmente’ porque busco tendencialmente não usar palavras inúteis. Tendencialmente significa a tendência, inclinação para algo ou alguma coisa.

Nossos políticos têm tendência para a corrupção, podem ter comportamento ético por toda a vida e, num dado momento, escorregar na simonia.? A corrupção é vício exclusivo deles e do ambiente em que operam? Ou a sociedade brasileira é corrupta, tendencial e organicamente, e o político, que é sua expressão porque eleito por ela, não poderia ser outra coisa senão corrupto, ainda que em estado latente?

Estou adiantado no acreditar que o político reflete a sociedade. Portanto, é corrupto porque a sociedade é – também tendencialmente – corrupta. Não vou puxar uma Lei de Gerson ou a sociologia do jeitinho, que isso é folclore, sociologia de bar. Vou mais fundo, no cotidiano. Como a comadre de minha mãe, a quem confidenciava jogar um sobrepreço no rancho de despensa que comprava com o dinheiro do marido.

A querida comadre, que não era minha madrinha, transformava em joias o cabedal desviado nas contas de casa. Morto o marido, deixou a provinciana Ponta Grossa para viver no Rio, em apartamento próprio, no Leblon, comprado depois de viúva, com dinheiro que não entrou no inventário. Arquétipo de Adriana Ancelmo, a primeira dama deste mesmo Rio.  Para não cansá-los conto o que ouvi ainda nesta semana.

Uma fonte confiável, porque frequenta o meio, desvendou-me o que estaria acontecendo com as listas de presentes de casamento em algumas lojas. Os itens escolhidos pelos noivos não entregues aos noivos. O convidado vai à loja, escolhe e paga, até retira a nota fiscal. Os presentes não são entregues, permanecem no estoque da loja. A loja repassa aos noivos o valor do presente, deduzida sua margem de lucro.

Mesmo atento às técnicas de lavagem de dinheiro investigadas na Operação Lava Jato custei a acreditar. Mas logo me veio à lembrança a técnica Friboi de faturar carne para os supermercados, que entregavam o dinheiro para os políticos, a carne ainda a pastar na grama, pronta para um segundo faturamento, por fora. Políticos e empresários não inventaram tais truques. Apenas os aplicaram em maior escala, aprendidos de nós.

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Uma ideia sobre “Pensando bem…

  1. Zé Ninguém

    kkkk agora só falta aos noivos, se é que isto já não acontece, pedir desconto no buffet . Nem digo nada do pessoal do vídeo, da tal organizadora de eventos, do pessoal do valet park, é , casamento de bacana tem até valet park. A coisa está tão feia que até ” gente bonita” não se acha tão bonita assim.

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