17:35PF diz que há ‘evidências’ com ‘vigor’ de corrupção praticada por Temer

Da Folha de S.Paulo

Relatório preliminar da Polícia Federal afirma que há “evidências” da prática de corrupção passiva por parte do presidente Michel Temer e de seu ex-assessor especial Rodrigo da Rocha Loures.

“Diante do silêncio do Mandatário Maior da Nação e de seu ex-assessor especial, resultam incólumes as evidências que emanam do conjunto informativo formado neste autos, a indicar, com vigor, a prática de corrupção passiva”, diz trecho da conclusão da PF divulgada nesta terça (20) pelo STF (Supremo Tribunal Federal).

O relatório diz “concluir pela prática” do crime de corrupção passiva do presidente Temer “em face de, valendo-se da interposição de Rodrigo Rocha Loures, ter aceitado promessa de vantagem indevida em razão da função”.

Segundo a PF, Rocha Loures também praticou o crime de corrupção passiva.

De acordo com o relatório, os elementos da investigação “permitiram que fossem elaboradas conclusões” sobre “pagamento de vantagem indevida” pelo grupo J&F a Loures “imediatamente” e a Temer “remotamente”.

O documento aponta ainda os crimes de corrupção ativa por parte dos delatores Joesley Batista e Ricardo Saud, ambos da JBS.

“Ao Exmo Sr. Presidente da República também foi oportunizado esclarecer diversos fatos”, destaca o relatório. “Sua Excelência optou, a exemplo de Rodrigo da Rocha Loures, por exercer o direito ao silêncio, além de –surpreendentemente– pugnar pelo arquivamento do inquérito”.

O relatório é assinado pelo delegado Thiago Machado Delabary. Ele afirma que seu “desafio” foi “remontar o cenário fático a partir de ‘rastros’ que o agir dos investigados porventura tenha deixado”.

A investigação destaca o fato de Temer ter feito a “nomeação” de Loures para tratar com Joesley Batista, conforme diálogo entre o presidente e o sócio da JBS no dia 7 de março. Segundo a PF, Loures então “recebeu minuciosas orientações” de Joesley “a respeito de questões que interessavam” ao grupo J&F junto ao governo.

O relatório diz que Loures telefonou depois ao presidente interino do Cade, Gilvandro de Araújo. “Após a ligação, seguindo-se à introdução ‘o Temer mandou falar, vou falar’, Joesley ofertou 5% de propina dos ganhos a Rodrigo da Rocha Loures”, diz a polícia.

O relatório então descreve os passos que levaram à entrega de uma mala de R$ 500 mil a Loures, com destaque para um encontro dele com Ricardo Saud, da JBS, no dia 24 de abril em que, de acordo com a investigação, eles discutiram pagamento de propina.

“Em meio a tais cogitações, Ricardo Saud fez menções a ‘presidente’, sem nunca ter sido corrigido por Rodrigo da Rocha Loures, dando a entender, claramente, por força do contexto, que Michel Temer estava por trás das tratativas”, afirma a PF.

O presidente Temer disse nesta terça (20) que não comentaria relatório da Polícia Federal. “Vamos esperar, isso é juízo jurídico e não político, e eu não faço juízo jurídico”, disse, após evento com empresários e investidores russos em Moscou.

PRAZO
A PF pediu mais cinco dias ao ministro Edson Fachin para finalizar as investigações e apresentar o laudo da perícia das gravações de conversas feitas por Joesley Batista, um dos donos da JBS. A polícia aguarda esse resultado para concluir se houve também o crime de obstrução de Justiça.

Após a conclusão do inquérito, caberá a Janot decidir o que fazer. A expectativa é que Temer e Loures sejam denunciados pela PGR até a semana que vem.

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