10:56PENSANDO BEM…

ROGÉRIO DISTÉFANO

A gente aqui a brigar pela reforma da previdência, na questão da idade mínima – atenção: mínima – para a aposentadoria, 65, 70 anos, na hora da morte. Devíamos mais é olhar para os exemplos de fora, como esse recentíssimo, de ontem, sobre o Duque de Edimburgo. Para quem não sabe, o duque vem a ser o marido da rainha Elisabeth II, da Inglaterra. Marido de rainha não é rei, embora mulher de rei seja rainha, coisas da realeza, da qual os brasileiros saímos em 1889 e retornamos com FHC e Lula. Marido de rainha é príncipe. E porque é marido, tem o adjetivo, consorte. Portanto, príncipe consorte.

Trata-se do príncipe Filipe, ou Philip, em inglês, aquele cara que sempre anda dois passos atrás da mulher, que nem mulher de japonês. O príncipe anunciou ontem seu afastamento da vida pública, ou seja, avisou que está se aposentando como príncipe consorte. Não é pouca coisa, foram 70 anos de serviço: chegou aos 95, 25 a mais que a idade para a aposentadoria compulsória dos príncipes da Igreja Católica. Alguns, sempre muito apressados e espertinhos dirão, “até eu queria o emprego dele”. E a esses direi que estão enganados, o trabalho é pesado, pesadíssimo. Não é só aquilo de bancar o mocorongo atrás da mulher.

Tem mais: entre as obrigações que o Philip cumpriu rigorosamente está a de preservar a linhagem, o que ele fez, nada mais que quatro filhos, três homens e uma princesa, que geraram um sem número de netos e bisnetos. Um dado fundamental: o príncipe vive do salário da mulher, que recebe verba anual aprovada pelo parlamento. Essa verba paga o consorte e os demais filhos e netos. Menos o príncipe de Gales, herdeiro do trono, primeiro na linha sucessória, que tem um feudo próprio, altamente rentável. Proporcionalmente, a família real custa menos que a família Lula custou ao erário brasileiro.

A aposentadoria do príncipe deixa um vazio para os tabloides ingleses. Ele ficou conhecido pelas gafes e pelo senso de humor, aquele humor inglês cerebral, que no máximo admite um sorriso, gargalhada jamais. Desde quando recém-casado, em viagens com a futura rainha, em plena época de saias rodadas, ele a metia em saia justa com líderes tribais das colônias do império britânico. Quem pensa que por ser consorte fez dele um frouxo, engana-se. Nunca foi, quando quer solta o verbo, sem meias palavras. O modo como se auto define merece lema de brasão, em francês, como na monarquia inglesa: “Sou grosso, mas sou engraçado”.

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Uma ideia sobre “PENSANDO BEM…

  1. manoel afonso

    O Rogério tem um tirocínio diferenciado. Usou esse exemplo do marido da rainha para mostrar nossas incoerências. Nota 10 para o Rogério. O cara é bom mesmo!!!

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