9:07A viagem da velhinha

Do blog … e tudo acabou em Sfiha, de Gerson Guelmann

Sarah, uma velhinha judia de Londres, chega na agência de viagens e diz:
– “Eu quero ir para a Índia.”

O gerente da agência, acostumado a atender a idosa e conhecendo seus gostos, fica surpreso e começa a argumentar:
– “Para a Índia? Dona Sarah, a senhora não pode estar falando sério. A Índia é imunda, muito quente, têm muita gente lá. É uma viagem longa, os trens são péssimos. Como a senhora vai fazer com a comida? É tudo muito picante, a senhora não vai encontrar frutas e legumes frescos.”

Aproveitando uma pausa, Dona Sarah diz:
– “Não importa, eu quero ir para a Índia.”

O homem, verdadeiramente preocupado, insiste:
– “A senhora vai ficar doente. Eles têm epidemias de hepatite, cólera, febre tifóide, malária, só D-us sabe mais o que. O que a senhora vai fazer se ficar doente? Pode imaginar como são os hospitais? Não existem médicos judeus lá. Porque correr tantos riscos?”
– “Está decidido, vou para a Índia”, responde ela.

Vencido pela teimosia da senhora, o agente de viagens faz todos os arranjos e dona Sarah viaja.

Chegando na Índia, a velhinha não se intimida com o barulho, o cheiro e as multidões. Decidida, embarca num trem e vai para o interior, em direção a um ‘ashram’, cujo Guru é muito conhecido e atrai multidões.

Lá ela se junta a uma fila aparentemente interminável de pessoas à espera de uma audiência com o líder religioso. Um ajudante avisa-a de que vai ficar pelo menos três dias de pé, na fila, até que consiga ver o Guru.
– “Tudo bem”, diz a idosa.

Depois dessa longa espera, Sarah chega aos portais sagrados. Lá um outro ajudante diz que no momento em que estiver na frente do Guru, só poderá dizer quatro palavras.

Ela então é introduzida no santuário interior, onde o sábio Guru está sentado, pronto para conceder bênçãos espirituais aos iniciados ansiosos. Pouco antes de chegar ao santo dos santos, Sarah é mais uma vez orientada:
– “Lembre-se, apenas quatro palavras.”

Ao se aproximar do Guru, ao contrário dos outros devotos, ela não se prosta aos seus pés.

Na frente dele, cruza os braços sobre o peito, olha firme em seus olhos e diz:
– “Morris, volte para casa.”

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