4:41Greca desaba

por Celso Nascimento, no jornal Gazeta do Povo

Após 60 dias de gestão, 55% dos curitibanos desaprovam gestão Greca

Bastaram 60 dias de governo para que o prestígio do prefeito Rafael Greca (PMN) desabasse. Sondagem do instituto Paraná Pesquisas, especialmente para esta coluna, indica que 55% dos curitibanos desaprovam a administração dele, contra 38% que a aprovam.

Esses dados contrastam com pesquisa do mesmo instituto que, em dezembro, mediu o grau de expectativa que os eleitores devotavam à gestão Greca: poucos dias antes de sua posse, 61% dos entrevistados acalentavam a esperança de que ela seria ótima ou boa, e apenas 9% anteviam que seria péssima ou ruim.

Diante do que perceberam nestes dois meses, chegou a 37% os que dizem que a administração está sendo pior do que esperavam. Para 43% está igual à expectativa que tinham. Apenas 14% acham que está sendo melhor.

O Paraná Pesquisas quis saber também a opinião dos entrevistados que revelaram ter votado em Rafael Greca e a percepção que agora têm a respeito de seu governo. As respostas não foram boas para o prefeito: 61% disseram que não repetiriam o voto nele; somente 36% afirmaram que votariam de novo.

Pior na periferia

O grau de insatisfação está mais concentrado nas classes D e E – isto é, nas de menor renda e escolaridade, justamente a faixa do eleitorado que garantiu a vitória de Rafael Greca sobre o deputado Ney Leprevost no segundo turno.

Nas camadas menos escolarizadas, 60% reprovam a administração do prefeito nestes dois primeiros meses, mas são altos também os índices de desaprovação nas classes de renda e escolaridade mais alta: 52% entre os segmentos socioeconômicos A e B, e 59% na classe C.

Ônibus, o vilão

A Paraná Pesquisas identificou que o aumento da passagem de ônibus decretado por Greca no início de fevereiro foi o fator que mais contribuiu para seu mau desempenho. Nada menos que 88% da população condenou o abrupto reajuste em 15% do transporte coletivo – índice mais de duas vezes superior à inflação do ano anterior (6,7%), muito maior do que o crescimento médio dos salários e em período marcado por aguda crise de desemprego.

Segundo a pesquisa, a maioria dos entrevistados (75%) considera que o aumento da passagem deveria ter sido evitado, ao passo que 20% concordam que a medida era inevitável. O índice do aumento, no entanto, foi classificado como alto demais por 88%, enquanto que 11% acharam-no aceitável.

Outras medidas

Mas não foi só o aumento do ônibus, dentre todas as medidas mais visíveis tomadas por Greca em janeiro e fevereiro, o responsável pela avaliação negativa. A suspensão da Oficina de Música, por exemplo, ganhou o repúdio de 61% dos entrevistados. O fechamento de guarda-pertences de moradores de rua também foi reprovado por 47%.

Em compensação, o programa Balada Protegida – que restringe o funcionamento de bares e contém o mau comportamento de frequentadores barulhentos – obteve 61% de apoio. Mais apoio ainda obtiveram a lavagem da Rua Quinze (74%) e o corte de verbas para o carnaval (70%).

Na comparação…

A sondagem oferece também a possibilidade de comparar os desempenhos de Greca com o do antecessor, Gustavo Fruet. Numa pesquisa de abril de 2013, aos 100 dias de gestão, Fruet aparecia com 61% de aprovação, ao passo que Greca, neste início de março (60 dias) é aprovado por parcela bem menor do eleitorado (38%).

Em dezembro de 2016, faltando duas semanas para o término do seu mandato e quase três meses após ter sido banido da disputa à reeleição já no primeiro turno,Fruet ainda detinha 33% de aprovação – cinco pontos porcentuais abaixo do nível agora alcançado por Greca – mas dentro da margem de erro admitida pela Paraná Pesquisas de 3,5 pontos porcentuais para baixo ou para cima.

No levantamento feito em dezembro, 66% dos entrevistados achavam que a atual gestão seria melhor do que a do prefeito anterior; 21% acreditavam que não haveria diferença; e 9% que seria pior.

Razões subjetivas

Se há razões bem objetivas que explicam a má performance de Greca – fato inédito ou muito raro para gestores recém-eleitos –, é possível que motivos subjetivos tenham causado a alta dose de decepção popular. Isto é, não teriam sido tão somente o aumento da passagem de ônibus e outras ações encaradas como negativas da administração os únicos fatores – mas também a dissociação entre o que os eleitores viram e ouviram durante a campanha e a realidade que agora percebem.

discurso “volta Curitiba” [aos bons e felizes tempos de outrora], salpicado por sonhos e retóricas declarações de amor aos pobres e desvalidos, assim como por promessas de que já nos primeiros dias da gestão os curitibanos conheceriam uma realidade muito diferente (e melhor) do que a legada pelo antecessor, não se concretizou aos olhos da massa. A propaganda agressiva, de que foi vítima principalmente Leprevost, o adversário do segundo turno, pode ter levado os eleitores a pensar que dias melhores viriam. Talvez hoje sintam terem sido enganados.

A sensação é de que, salvo pelas diferenças de estilo – a discrição de Fruet versus a expansividade exagerada de Greca –, a realidade se manteve praticamente inalterada. Greca tem a desculpa na ponta da língua: sua imagem não está melhor porque, com as dívidas que herdou, ainda não lhe foi possível mostrar a que veio.

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4 ideias sobre “Greca desaba

  1. joao marcos

    É precoce avaliar o desempenho, em tempos de crise sobre tudo sistemica é difícil obter boa avaliação.
    Saúde , educação e segurança consomem boa parte do orçamento, e tem seu percentual definido por lei, no entanto, curitiba sofre pressão da região metroplitana e estão praticamente conurbadas.
    O maior agravante é que não se fez nenhuma reforma admiistrativa que possa melhorar processos, medir a eficiencia do funcionalismo e comissionados. O custo da cidade de Curitiba está ficando insustentável para todos os cidadãos. Um grande elefante branco, descontrolado que tem dificultado, nos excessos de burocracia atrelada a ineficiência a vida de todos.
    O Greca tem um grande desafio e terá de contar com todas as entidades de classe e uma equipe bem preparada. há que endurecer, mas sem perder a ternura, jamais (Che)

  2. Sergio Silvestre

    É precoce dizer que o gordão não vai bater recordes de impopularidade,Curitiba como em Londrina elegeram prefeitos que gostam de inchar maquinas e com certesa devem encerrar seus ciclos como sendo seus ultimos mandatos,e sabendo disso vão tentar fazer as cacaxs em quatro anos que não fariam em seculos.Esperem para ver as cacas que esse vai fazer e o belinati de Londrina,da um tempo e vão ver que eu tenho razão.

  3. Ademar Luiz Vieira

    O Greca caiu do cavalo.
    Quando começou a campanha política para o cargo de prefeito, ele e sua turma já sabiam da situação que o ex prefeito FRUET tinha deixado a prefeitura.
    Quase um BILHÃO de dívidas para com os fornecedores.
    Talvez não soubesse o Greca que mais e mais contas teriam que ser pagas em 2017 as quais estavam devidamente escondidas em falsos balancetes .
    O Greca vai ter que trabalhar e muito para poder tapar o enorme buraco que o incompetente FRUET deixou na prefeitura.
    Pergunta que não para de me atormentar ?
    Cadê o Ministério Público ?
    Cadê o Tribunal de Contas ?

  4. juca

    Crise, algo que está aí desde os ex governo Dilma, crise está no Brasil e já estava na gestão passada. Então a crise continua a ser a jjustificativa que o Greca se agarra para tentar explicar sua gestão.
    Claro que é cedo, mas ele na campanha falou, disse, cantou em prosa e verso que era isso e aquilo, que era até “urbanista” que sabia fazer, esqueceu que não é mágico e novamente repete o problema, cria uma equipe de muitos mestres, doutores, como se isso fosse a solução para conhecer a Prefeitura e principalmente a cidade. Esta turma toda, com uma ou outra exceção só conhece gabinetes , não sabem nada de administração real e sim só de “powepoint”, não descobriram o caminho das pedras.
    Usando as próprias colocações do Greca, que vem do século passado, onde a situação era bem diferente e sua equipe estava formada, no embalo da gestão do Jaime Lerner, com a maioria funcionários de carreira e mais ainda compromissados com a gestão e com a cidade, hoje com esta turma, como aconteceu na gestão passada, a situação é bem diferente. Assim a expectativa de vida funcional dos secretários é de no máximo 4 anos, bem diferente de quem é efetivo, pos esses mesmo saindo do cargo permanecem na Prefeitura.
    Por fim , titulo de mestrado, doutorado não quer dizer que a pessoa é boa gestora de fato pois numa bancada universitária a coisa é bem diferente da realidade.
    Já disse alguém a uns tempos atrás, que uma gestão deve ter : Qualidade, Ousadia, Competência, Criatividade e Compromisso, coisa hoje em dia difícil de ser homogênea.

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