12:26ALELUIA

Rogério Distéfano

      Corria o ano da graça de 19.., meu pai convidado para padrinho daquele casamento: a noiva muito jovem, muito bela e muito pobre; o noivo, muito velho, muito feio, tão podre de rico quanto de saúde. Aos que estranhavam, meu pai sacava seu lado rábula: “É casamento em comunhão de bens e separação de corpos”.

     Não é exato o mesmo das anunciadas bodas entre Baby do Brasil e Walter Casagrande.   A cantora e atual pastora evangélica – criou a própria franquia gospel – e o ex-craque, atual comentarista e a seu modo titular de ministério antidrogas namoram há quase um ano e decidiram casar – no civil, no religioso e no midiático.                                       

 O que nos atrai em mais uma banal – e tendencialmente fugaz – união de famosos?   

Além da vida vicária com que sonhamos, a despudorada exposição da intimidade. Por exemplo, os pombinhos informam a milhões de brasileiros, via Domingão do Faustão, que o beijo de saliva só rolou entre eles após três meses de namoro. Antes, só os castos dois beijinhos cheek-to-cheek, na bochecha – menos mal, que as da noiva são imensas. 

Entre eles nada de preliminares, essa coisa de test drive, amaciamento de motor pré conjugal. Baby nos informa que sexo só com papel passado. Embora seja avó, fez com o sexo o mesmo que com a religião: renasceu no evangelho e renasceu na virgindade – vinte anos sem transar, diz ela.     

O noivo aceita a restrição, um tiro no escuro, convenhamos. Mas para quem luta contra a recaída nas drogas, o que é a temporária abstinência? Nada, considerando que a droga a ser fornecida por Baby absolutamente não vicia. Com o apoio e experiência da noiva,   

Casagrande ainda terá bons vinte anos sem nenhuma droga. Aleluia.

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